Informação geo-referenciada
Quando vê televisão, o meu filho – agora com 18 anos e diagnosticado como tendo Síndrome de Asperger – invariavelmente sabe ou pergunta os nomes de tudo o que é gente viva que aparece no pequeno ecrã, desde os políticos mais ou menos obscuros aos cantores-pimba. Apesar de aquela informação não lhe servir para nada, pois não vai além da «paisagem», ou seja, da associação da cara ao nome, ele absorve-a como uma esponja. Para o seu baixo desempenho cognitivo, ele possui um nível de informação de «coisas» e «factos» avulsos, seguramente muito, mas muito, acima da média de jovens com idêntica mensuração cognitiva. Porém, é um repositório de informação inútil, já que ela não lhe serve para nada ou lhe serve para pouco. A informação existe, mas não é aplicada. Nunca percebi bem o porquê destas perguntas, mas agora, que conheço um pouco da síndrome, e dos mecanismos mentais do meu filho, acho que aquilo é uma espécie de informação geo-referenciada. Uma forma de se organizar, um ritual de segurança, se sei o nome deles, «estou em casa», «estou descansado», reduzindo assim a ansiedade perante o desconhecido. É no fundo, uma outra forma de obsessão ou de compulsão, tal como a verificação do fecho de portas ou de torneiras na perturbação obsessiva-compulsiva.
1 Comentário(s):
Olá, tudo bem?
sou pedro, envolvido com a causa asperger, li seu blog e gostei dessa postagem. o seu filho deve ter a minha idade. eu tenho 26. sou asperger. so nao fui diagnostivado ainda. sei disso tem menos de um ano. abraços. entre em contato.
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