Havia alguma coisa…
«Olá! Chamo-me Sandra Félix e sou mãe do João, que tem cinco anos e foi diagnosticado há um ano com SA.
O João teve muita sorte com a creche onde ingressou com dois anos e meio, com a educadora, e com todo o restante pessoal. Temos a agradecer-lhes terem-nos mostrado e ajudado a aceitar que «havia alguma coisa»... A educadora Mónica, que acompanha o grupo desde o início, esteve desde o primeiro instante à altura dos acontecimentos, e a ela devemos muito, muito, muito...
A «coisa» recebeu um nome no início do ano passado, numa consulta com o Dr. Miguel Palha. Entretanto, o João tinha também sido referenciado pela creche (uma IPSS) e tem, desde o início deste ano lectivo, acompanhamento por parte da Educadora que tem a seu cargo os apoios educativos (que já antes tinha, embora não oficialmente), bem como por parte de uma técnica do Serviço de Intervenção Precoce de uma CERCI que intervém nas escolas da nossa zona. Com o trabalho de todos em conjunto, o João está, felizmente, em franca progressão.
Entretanto, soubemos há uns meses que o Ministério da Educação se preparapara «dispensar» uma grande parte das educadoras de apoio, sendo que cada profissional passa a intervir unicamente na escola onde está vinculado, deixando de haver deslocações a outras instituições. Ficámos bastante tristes com a perspectiva de o João deixar de ter o apoio com a sua Ana Maria, que tantas vezes, em fase de crise (e foram várias, no início), foi a única motivação que teve para suportar a creche. Contudo, havia a garantia de que o outro apoio permanecia sem restrições. Soubemos há dias que chegou a vez das CERCI... O Ministério prepara-se para deixar de financiar o apoio ministrado a crianças maiores de três anos de instituições fora da rede pública. A partir dos três anos, só tem direito a apoio subsidiado quem frequenta a rede pública!!! Como se a rede pública acolhesse todos os meninos mal fazem três anos! E como se, por exemplo, a rede pública estivesse preparada para acolher uma criança com uma deficiência profunda.
Assim, para o ano, corremos o risco de o João ficar sem qualquer apoio financiado. Claro que podíamos colocá-lo para o ano num jardim-de-infância público, mas isso acarretaria muitas outras complicações, e sobretudo o João não iria entender porque ia sair da creche um ano antes dos outros, retirando-lhe a possibilidade de frequentar a tão ambicionada «sala dos 5»! Para além disso, temos uma filha mais nova, as coisas estão planeadas de determinada forma, em função da família como um todo, não só do João, e muito menos vão ser alteradas ao sabor das ideias da Senhora Ministra da Educação. Se isto acontecer, teremos de recorrer durante o próximo ano a um apoio particular - se pudermos pagar, claro.
O João não é dos casos mais graves, mas existem situações verdadeiramente dramáticas que ficarão, assim, simplesmente sem solução. Já para não falar das centenas de técnicos que deixam de ter emprego, pois sabemos bem a precariedade de contratos a que estão vinculados...
Enfim, gostaria de alertar para esta situação de EXTREMA INJUSTIÇA que está a acontecer pelo país fora. Está a mobilizar-se uma concentração de pais no sábado, dia 6 de Maio, na Biblioteca de Telheiras, para chamar a atenção para este problema que hoje afecta uns, amanhã pode afectar outros.
Gostaria, se possível, de ver esta questão referida no vosso espaço. Seria também importante e útil divulgar a concentração de pais, se houver possibilidade.
Por fim, felicito-o pelo blog, é uma excelente ideia e está bastante completo, pelo que é de grande utilidade a quem o visitar.
Obrigada!
Sandra»
2 Comentário(s):
Adorei este blogue.
Espero que não se importe que faça referência dele no meu blogue e aconselhe as mais de 200 pessoas que me visitam por dia a virem aqui consultar este blogue.
Também tenho experiência do que é ser asperger. Se o desejar pode ver em
http://violada_mas_nao_vencida.blogs.sapo.pt/23098.html
Parabéns pelo maravilhoso trabalho que está aqui apresentado.
Bem haja
Alexandra Caracol
Olá Alexandra
Pode com certeza recomendar o blogue a quem quiser.
Obrigado pelas suas palavras que são excessivas para o que este blogue é e representa.
Volte sempre.
Um abraço
Enviar um comentário
<< Home