A globalização e a SA
Os comentários ao post anterior suscitaram-me várias reflexões. São assim as ideias, vão-se encadeando umas nas outras, com mais ou menos sentido! Em primeiro lugar, registo o facto de os exemplos de áreas de interesse apontados romperem com os exemplos clássicos da literatura de referência que parece que parou no tempo e só sabe referir comboios, dinossauros, e mais umas quantas coisas igualmente jurássicas. Ora já estamos no século XXI, mas parece que alguns especialistas ainda não se deram conta e ainda não actualizaram os exemplos dos respectivos livros! É que o tempo dos comboios e dos dinossauros já passou ou pelo menos coexiste com outros! Foi, pois, com gosto que vi surgir aqui os TeleTubbies, o Sítio do Picapau Amarelo, a Rua Sésamo, etc. O meu filho agora passou-se para a Floribella. Era só mesmo o que me faltava cá por casa! Parece-me óbvio que os especialistas precisam de actualizar os exemplos dos focos de interesse. E os pais, pelos, vistos podem dar uma boa ajuda. É que com a velocidade vertiginosa do quotidiano, com os estímulos a que os aspergers de hoje são sujeitos, com a catadupa de informação, rapidamente substituída por outra, teremos certamente já hoje e cada vez mais no futuro não uma geração de aspergers focados numa ou duas áreas de interesse ao longo da vida mais ou menos fixas, mas aspergers focados em múltiplas áreas de interesse e com grande rotatividade entre elas. É a globalização e a Síndrome de Asperger.
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6 Comentário(s):
Tem toda a razão. De facto eu sempre tive alguma dificuldade em enquadrar o meu filho, nas particularidades rigídas de interesses descritas nos livros de especialistas em SA, isto porque, embora muito intensos, os interesses do meu filho são diversificados. É claro que se gosta de um filme, tem de o ver até à exaustão em especial aquela sequência especial e volta para trás uma infinidade de vezes para a dissecar até ao infímo pormenor. Mas também é verdade que, se gostar, aceita outras sugestões nossas. Definitivamente adora Telletubies, mas também gosta do NODDY, dos Litle Einsteins. tem um filme que gosta de uma forma muito particular o "Spirit" e quando o vê pega nos seus cavalos e vai emitando o que vê. Mas tamnbém gosta muito de jogos no computador que já domina muito bem. Isto com 3 anos.É verdade que também gosta de carros e comboios, etc. etc., mas mesmo nas terapias com a técnica de educação especial e reabilitação, ele fica realmente motivado quando ela apela para as novas tecnologias: aprendizagem em power point, jogos no computador, etc. se vier com modelos tradicionais ele "manda-a fazer a ela", isto é desinteressa-se e a sessão não corre nada bem, e temos sido nós a insistir para ela aplicar as novas tecnologias à aprendizagem dele. De facto, voltando ao princípio, os nossos profissionais destas áreas, ainda não se deram conta que os nossos aspergers vivem no SEC. XXI!
Mais uma vez obrigada ASPER, por estas reflexõs. um abraço.
Maria Anjos
Claro, Maria Anjos, acrescenta um dado novo ao problema: o uso das novas tecnologias! Eu pasmo como a maioria dos(as) terapeutas ainda continuam a insistir nos modelos tradicionais de intervenção, sem qualquer ajuda dos novos meios... Dá vontade de dizer, puxando a coisa ao limite: quais serão os aspergers? :-)
A minha filha, sempre com sorriso malandro e a gargalhar, foge com o meu telemóvel e tira fotografias aos desenhos que faz. Aliás, quase que aprendeu a tirá-las primeiro que o pai!
Bem, cara Simplesmente Maria, sabe que os mais novos, aspergers ou não, têm naturalmente uma maior apetência para as novas tecnologias. É que já cresceram rodeados pela parafernália de novos meios, enquanto nós só mais tarde aprendemos a lidar com elas.
Que bom recordar o tempo em que o meu filho não passava sem ver o filme "Spirit" e depois lá estavam presentes os cavalos e as cordas para continuar a brincadeira... Hoje são os livros de banda desenhada a sua grande paixão
Caro(a) anónimo)(a)
Como se percebe, e ainda bem, os focos de interesse dos nossos filhos há muito descolaram dos dinossauros e dos comboios... Já vamos umas «gerações» à frente dos livros dos especialistas...
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