Sempre que possível ou Só quando tal não for possível
Como já muitos provavelmente saberão, acabou de sair um novo decreto-lei sobre o vulgarmente designado Ensino Especial que revoga o já velhinho Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de Agosto. Trata-se do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro. É com ele que, a partir de agora, quem tem crianças e jovens com Síndrome de Asperger ou outras perturbações do espectro do autismo em idade escolar terá de lidar. Este novo diploma prevê, designadamente, a criação de unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espectro do autismo (alínea a) do n.º 3 do art.º 4.º e art.º 25.º) e alarga a obrigatoriedade da sua aplicação ao ensino particular e cooperativo.
Dou a minha opinião: trata-se de uma boa lei, integradora, inclusiva, que dignifica o Estado e o País. Saliento uma vez mais o que já aqui tenho referido, a escola portuguesa é, de facto, uma escola inclusiva. Ao contrário, a sociedade portuguesa não é, de modo nenhum, uma sociedade inclusiva. E este diploma acaba por ser o espelho disso mesmo. Atente-se no modo como ao descer do geral para o particular se vai descendo também na escala de inclusão. No n.º 2 do art.º 1.º (Objectivo e Âmbito), pode ler-se: «A educação especial tem por objectivos […] a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da escola para o emprego das crianças e dos jovens com necessidades educativas especiais nas condições acima previstas». Ou seja, só se prevêem dois caminhos: a escola, através da continuação de estudos, ou o emprego. Mas já no art.º 14.º, que diz respeito ao Programa Educativo Individual, apenas se refere «sempre que o aluno apresente necessidades educativas especiais de carácter permanente que o impeçam de adquirir as aprendizagens e competências definidas no currículo deve a escola complementar o programa educativo individual com um plano individual de transição destinado a promover a transição para a vida pós-escolar e, sempre que possível, para o exercício de uma actividade profissional com adequada inserção social, familiar ou numa instituição de carácter ocupacional» (negrito meu). Temos aqui igualmente dois caminhos mas, ou de outra natureza: instituição de carácter ocupacional, ou modalizados: emprego. Ora o que, a meu ver, lá deveria estar era, «designadamente para o exercício de uma actividade profissional com adequada inserção social, nos termos do Decreto-Lei X [diploma que regulamentasse a inserção profissional e obrigasse Estado e empresas a terem quotas para emprego protegido, emprego social ou o que se chamasse] e só quando tal não for manifestamente possível a sua integração em instituição de carácter ocupacional». Mais adiante, ainda, na alínea g) do n.º 4 do art.º 25.º, que diz respeito às unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espectro do autismo, apenas se pode ler uma enorme vagueza: «promover e apoiar o processo de transição dos jovens para a vida pós-escolar». Vida pós-escolar, assim mesmo, e sem mais. São estas as grandes diferenças e as grandes contradições com as quais infelizmente ainda vamos ter de viver.
Dou a minha opinião: trata-se de uma boa lei, integradora, inclusiva, que dignifica o Estado e o País. Saliento uma vez mais o que já aqui tenho referido, a escola portuguesa é, de facto, uma escola inclusiva. Ao contrário, a sociedade portuguesa não é, de modo nenhum, uma sociedade inclusiva. E este diploma acaba por ser o espelho disso mesmo. Atente-se no modo como ao descer do geral para o particular se vai descendo também na escala de inclusão. No n.º 2 do art.º 1.º (Objectivo e Âmbito), pode ler-se: «A educação especial tem por objectivos […] a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da escola para o emprego das crianças e dos jovens com necessidades educativas especiais nas condições acima previstas». Ou seja, só se prevêem dois caminhos: a escola, através da continuação de estudos, ou o emprego. Mas já no art.º 14.º, que diz respeito ao Programa Educativo Individual, apenas se refere «sempre que o aluno apresente necessidades educativas especiais de carácter permanente que o impeçam de adquirir as aprendizagens e competências definidas no currículo deve a escola complementar o programa educativo individual com um plano individual de transição destinado a promover a transição para a vida pós-escolar e, sempre que possível, para o exercício de uma actividade profissional com adequada inserção social, familiar ou numa instituição de carácter ocupacional» (negrito meu). Temos aqui igualmente dois caminhos mas, ou de outra natureza: instituição de carácter ocupacional, ou modalizados: emprego. Ora o que, a meu ver, lá deveria estar era, «designadamente para o exercício de uma actividade profissional com adequada inserção social, nos termos do Decreto-Lei X [diploma que regulamentasse a inserção profissional e obrigasse Estado e empresas a terem quotas para emprego protegido, emprego social ou o que se chamasse] e só quando tal não for manifestamente possível a sua integração em instituição de carácter ocupacional». Mais adiante, ainda, na alínea g) do n.º 4 do art.º 25.º, que diz respeito às unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espectro do autismo, apenas se pode ler uma enorme vagueza: «promover e apoiar o processo de transição dos jovens para a vida pós-escolar». Vida pós-escolar, assim mesmo, e sem mais. São estas as grandes diferenças e as grandes contradições com as quais infelizmente ainda vamos ter de viver.
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Etiquetas: Escola, Inclusão, Legislação
37 Comentário(s):
Cumprimentos generalizados.
Para começar peço desculpa, mas ainda fui comentar no Post anterior.
Quanto a este, confesso-me ao lado do amigo Asper, o que raro acontece.
Completamente solidário!… Com essa consciência da brutal contradição entre; uma legislação com generalidades, falsamente muito esplendorosas – ao inverso, secundada por uma escola, muito boa por vezes e cheia também muitas vezes dos melhores recursos humanos - e claro está, uma realidade social de estratificação acelerada, onde cresce a mais miserável, degradante e bestial segregação a todos os níveis, e onde se vai instalando o mais selvagem e abjecto individualismo, de trajo quase exclusivamente monetário…, no entanto muito bem talhado e perfumado.
Cumprimentos compridos do vosso desmedido, mas terna e eternamente vosso
Hans Desinfectado
Caro Asper,
Dei uma vista de olhos pelo diploma e também penso que constitui mais um passo em frente na melhoria de condições de ensino das crianças com necessidades especiais.Faltará agora, como bem diz, legislar devidamente para o "após" a escola pois nessa altura é que as coisas se complicam, sem resposta do mercado de trabalho para os "se possível" e sem resposta das instituições para os "se não possível"!
Esperemos que não seja apenas mais uma lei no papel e que na prática produza efeitos, e já agora, bons efeitos.
mariamartin
Boa noite
Caro Asper,
Em 1º. lugar desejo que este 2008, seja um ano de franco progresso, para os nossos Aspies e seus familiares.
Quanto ao promover igualdade de oportunidades (faz-me rir)...
Promove-se a educação e a seguir fecham-se as portas a anos e anos de investimento educacional, e acabam em Centros de Actividades Ocupacionais. Que seriam adequados desde que adptados ás necessidades individuais de cada um. E custa-me constatar que a mesquinhez das leis, não permita a integração destes cidadões diferentes.
No caso do meu filho está em CAO, porque neste tem de pagar um prestação mensal, e se o colocassem em Actividade Laboral seria a instituição a pagar-lhe essa prestação e não há vagas!...
Vida pós-escolar ! Ou parelesia pós-escolar...
A alternativa é nem mesmo que seja possível...
Ou seja impossível...
Um abraço
Maria Viana
Caro Hans
Como é dito no post, acho a legislação boa e a escola inclusiva. Não acho sequer que a escola tenha bons recursos humanos e menos acho que tenha, como refere, «muitas vezes dos melhores recursos humanos».
Concordo consigo, Mariamartin. Creio que sim, para o fim a que se destina, vai ser uma boa lei. E vai obrigar escolas, públicas e privadas, a criarem estruturas. É um passo em frente em relação ao 319.
Olá Maria Viana
Obrigado. Um bom ano também para si. Apesar de tudo, acho que a escola foi muito melhor para o meu filho do que o CAO. E deu-lhe vivências, alguma preparação, mundo. Ainda que agora regrida, aquela experiência ele já tem e é um adulto mais competente do que seria sem ela. O que me penalizo é ter tentado exigir dele como se ele não tivesse uma PEA ou SA ou o que for.
Viva, acompanho de tempos a tempos este blog. Ainda no sabado passado estive no CADIN para uma reavaliação do meu filho e comentamos esta nova lei... é de facto um passo em frente mas a ambiguidade dos termos leva-nos mais uma vez a ter que confiar nas avaliações que podem ir desde o "necessario intervenção especializada" até ao "suficiente o acompanhamento mais atento pelo professor"...
Como o âmbito deste sindrome, esta lei ainda abrange demasiadas variações de intervenção. estou ainda muito verde no conhecimento desta problematica mas teho a certeza que uma intervenção especializada é necessaria, obrigatoria, se queremos que os nossos filhos possam ter uma vida dentro da nossa normalidade.
Caro asper,
Antes de mais devo dizer-lhe que tive conhecimento do novo diploma através do seu blog. Descuidei-me nas consultas ao site do Diário da República. :)
Bom, já o li. De facto, enquanto que a anterior legislação não faz referências explícitas a planos de transição para a vida activa, o novo diploma introduz um Plano Individual de Transição. Ou seja, assume-se claramente uma perpectiva de inclusão que não dispensa, no entanto, a análise de cada caso e uma lógica de adequação das respostas. Neste âmbito acho que se dá um passo à frente.
Sobre o “só quando tal não for manifestamente possível”, partilho, como é óbvio, da sua opinião. Cabe ao Estado desde logo a defesa dos direitos das pessoas com necessidades especiais, mas essa responsabilidade deverá ser partilhada por todos nós, enquanto membros integrantes de uma sociedade civil.
Um abraço.
Caro Anónimo
Não creio que a lei seja ambígua. Um decreto-lei tem de ser necessariamente enquadrador e por isso genérico. Aliás, até do ponto de vista dos conceitos, a lei é uma boa lei. Sem se meter na problemática, asperger: sim ou não, acaba por considerar apenas PEA. A questão que coloca é a da avaliação e da posterior intervenção. E aí é que está o problema. Conviria, em primeiro lugar, que os clínicos se entendessem nessa matéria e definissem bem o quadro nosológico de referência. E isso ainda não acontece. E quando andamos a chamar asperger ao Bill Gates está tudo dito sobre o rigor do diagnóstico. Mas estou de acordo consigo quando refere que a intervenção especializada é necessária e quanto mais cedo for melhor, não para atingir a «nossa normalidade», que é impossível, mas para atingir o máximo de normalidade possível.
Volte sempre.
Cara Mrs Noris
Ora ainda bem que este blogue serve para qualquer coisa :-). Na verdade, estranhei que noutras sedes nada se dissesse sobre isso e resolvi eu próprio fazê-lo. Sobre a transição, o anterior diploma também já falava em encaminhamento. O facto de esse encaminhamento se fazer de forma mais estruturada, através do tal plano, reforça a responsabilidade da escola, mas não creio que lhe acrescente grande coisa em termos de inclusão. Quanto à nossa responsabilidade individual, é verdade mas só numa perspectiva mais lata do que a que equaciono no «post» - e eu próprio já aqui tenho feito o meu «mea culpa» nessa matéria. A que saliento no post, como verá, é apenas legislativa (falta uma lei de quotas para empregar aspergers e similares) e a lei é o mínimo, eu diria mesmo o mínimo dos mínimos que se exige do Estado...
Caro asper,
Permita-me que acrescente ainda o seguinte: parece-me que o novo diploma vem atenuar a natureza híbrida do conceito de alunos com necessidades educativas definida na anterior legislação: alunos com deficiência ou dificuldades de aprendizagem. Circunscreve a população alvo de educação especial aos “alunos com limitações significativas ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente”, sublinho de carácter permanente, que resultam em dificuldades continuadas nos diferentes domínios.
Bom ano para todos,
A minha leitura do presente diploma é muito positiva, se pensarmos que até ao então nada tinhamos a proteger os nossos meninos /meninas especiais. No ano passado quando fui confrontada com a situação de ter um menino especial deparei como uma escola que muito pouco sabia destes casos, a professora nada sabia e foi com esforço de todos que o meu filho foi enquadrado no antigo 319, passou a ter acompanhamento psicológico e aulas de ensino especial, sem que existisse à partida preparação especifica nesse sentido dos técnicos que com ele trabalhavam, diga-se os professores. Hoje esse problema parece ter encontrado uma solução e os meninos(as) no futuro vão por certo encontrar uma escola diferente para os acolher e os nossos meninos(as) encontraram no resto da escolaridade que lhes falta um apoio por certo diferente daquele que teriam se este diploma não tivesse saído. Outro aspecto que tenho de realçar é a sua obrigatoriedade também para o ensino privado, de contrário e aconteceu as escolas privadas aos meninos dificeis e com dificuldades convida a sairem das mesmas, agora isso não poderá voltar a acontecer estas crianças estaram mais protegidas.
Quanto ao futuro parece-me que devemos continuar a estar atentos e a chamar a atenção para aquilo que ainda está por fazer e contribuir para que isso aconteça, não devemos baixar os braços mas lutar por tudo o que as nossas crianças merecem, por isso acho que não devemos exigir tudo de um acentada, mas aplaudir o conseguido e lutar para o que ainda falta aconteça e rapidamente.
Obrigado pela vossa atenção.
Cara Mrs Noris
É verdade o que diz e penso que é positivo. Pergunto-me, porém, e fora da óptica do «post» e do que nos interessa aqui falar que é a Síndrome de Asperger ou as PEA, que geram sempre alterações de carácter permanente, o que passará a enquadrar os alunos que têm dificuldades de aprendizagem de carácter temporário ou pontual?
Olá Mãe do Pedro
Seja bem-vinda. Já antes tínhamos o 319 que fazia da escola portuguesa uma escola realmente inclusiva. Este diploma vai mais além, primeiro ao alargar o âmbito ao ensino particular e cooperativo e segundo ao consagrar uma intervenção muito mais estruturada.
Volte sempre
Olá
Hoje venho aqui dar voz ao meu Aspie.
O que vou transcrever foi escrito integralmente por ele só vou alterar os nomes das pessoas visadas no texto dele e claro o valor que pago no Cao.
Andar no CAO (Centro de Actividades Ocupacionais)não é adequado a mim.
Eu tenho de arranjar um emprego.
No CAO em vez de estar a progredir, estou a regredir.Ali no CAO só está quem não tem capacidades para fazer mais nada.
Eu não faço mal á Mariazinha e João Pedro ainda pensa que eu lhe faço mal e ainda anda a tentar agredir-me.
Estou sempre a pensar no João Pedro, porque eu penso que se continuar lá no CAO ele dá-me muita tareia e eu vou parar ao hospital e fico lá internado.
No CAO a maioria dos que estão lá não sabe falar. E eu quero conversar.
Eu prefiro estar aqui em casa a ajudar a minha mãe e sair do CAO.
Ter de pagar XY Euros todos os meses para nada. É mau.
Experimentar coisas novas até acho divertido, mas fico preocupado e com medo.
Aqui fica a forma diferente do pós-escolar(já é a mãe a falar)...
Um abraço
Maria Viana
Exacto, Maria Viana, esse é o «pós-escolar» que a legislção não quer ver....
Podia dar-lhe também N frases semelhantes do meu filho...
Creio que afinal não estamos assim tão longe - isto, sublinho, no pós-escolar - daquela expressão terrível que ouvi em tempos num programa de televisão sobre autismo que chamava às crianças autistas, na época vitoriana, «crianças de sotão»...
Boa semana
Boa tarde,
Só hoje conheci este blog, so mãe de um menino de três anos com "possivel" SA. Gostei do discurso deste pai interessado e não consegui parar de ler, fiquei um boacdinho mais consciente daquilo que me espera, embora seja "adepta" do copo meio cheio, mas com um lado realista, pois foi a forma que encontrei de aceitar e lidar com a situação.
Obrigada
Ângela Pimenta
Blogs como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE)
Meu nome é Arnoldo Benkesntein.
Sou Bolsista de Iniciação Científica do CNPq e participo do grupo de pesquisa Projeto Blogs como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE), sob a orientação de Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale) e Prof. Dra. Liliana Passerino (UFRGS).
Na atual fase do projeto, após a análise de blogs de familiares de autistas, estamos mapeando blogs que abordam assuntos relativos à deficiência auditiva. Devido à qualidade da informação observada no seu blog, incluímo-lo na nossa lista de sites pertinentes para o mapeamento.
Visando o melhor entendimento de como blogs como o seu podem efetivamente promover a inclusão social de PNEs, gostaria de solicitar-lhe o fornecimento de alguns dados que devem ser enviados para o e-mail sandramontardo@feevale.br:
Nome:
Você é portador de alguma necessidade especial relativa à deficiência auditiva?
Se sim, qual?
Sexo:
A simples resposta desses itens é muito importante para o sucesso de nossa pesquisa. A seguir, será enviado um Termo de Consentimento, no caso de você concordar com que seu blog faça parte da nossa amostra.
Desde já agradeço sua atenção.
Arnoldo Benkenstein.
Boa noite, Ângela
Obrigado pelas suas palavras.
O que a espera não tem de ser necessariamente semelhante ao que por aqui se relata, até porque o diagnóstico de SA, para o bem o para mal, tem uma latitude que cobre um vasto arco...
Felicidades para si. É bem-vinda quando quiser voltar.
Caro Arnoldo
Convém, antes de «despejar» texto em comentário, registar o sítio e a data onde se «despejou» o dito! É que já lhe respondi a isto há dois «posts» atrás...
Unidades de Ensino Estruturado para Alunos com Perturbações do
Espectro do Autismo (UEE)
DRELVT
Agrupamento Escola
http://sitio.dgidc.min-edu.pt/especial/Documents/Lista_Unidades/Lista_UnidAutismoDREL.pdf
Sou mãe de uma menina de 4 anos com PDD-NOS e tenho o habito de visitar o seu blogue. Achei que era importante partilhar também esta informação
Caros Maria Viana e Asper,
Não há dúvida que se esta nova legislação nos vem dar a nós,pais de crianças ainda em idade escolar,a esperança de que as coisas funcionem melhor e que os nossos filhos tenham mais apoios,para os vossos é urgente que sejam criados empregos protegidos ou "sociais" como o Asper lhes chamou.E como os nossos vão crescer rapidamente, é importante que todos lutemos para que seja dado esse passo.Em breve,todos estaremos a ouvir palavras semelhantes ao filho da M.Viana e que,confesso,me deixaram o coração apertado...Na cidade onde vivo nem existe nenhum CAO, pago ou não...
Mas para lutarmos temos que nos organizar e, por isso, pergunto aqui a quem saiba se a APSA servirira para tal?Alguém é associado da APSA?Como funciona?Tem tido algum "peso" na divulgação e apoios aos portadores de SA?
É que o site diz muito pouco...
Um abraço a todos.
mariamartin
olá, Mariamartin
Eu sou sócia da Associação, conheço pessoalmente a presidente da associção é uma pessoa muito dedicada ,empenhada e sobretudo com uma grande dose de coragem ,evidente que a juventude da associação ainda não nos pode dar todas as respostas que nós queremos, mas o mais importante é a partilha e se cada um de nós der um pouco conseguiremos ir mais longe, eu pela minha parte tbm me empenho ao max. para que as coisas mudem, e não é por a situação estar agora mais negra que eu vou baixar os braços, antes pelo contrário a adversidade dá-me mais força, e já andam por aqui algumas ideias a fervilhar, que espero por em prática ainda este ano lá para o 2º. semestre, se resultar eu depois partilho convosco...
Um abraço ,e sempre que precisar de ajuda eu estou aqui deste lado,umas vezes em alta outras em baixa como qualquer ser humano...
Não vou deixar aqui o meu email, mas vou dar indicação há outra nossa tertuliana Mrs Noris p/ lho facultar se o quiser inserir
Maria Viana
Cara Frade
Os meus agradecimentos pela informação muito substantiva sobre as UEE que aqui nos deixou. Acho importantíssimo que todos os que têm crianças em idade escolar as conheçam.
Volte sempre
Cara Mariamartin
Creio que qualquer solução para isso tem de passar necessariamente por um movimento associativo, seja a APSA, seja outro qualquer. Do que conheço, a APSA tem um projecto chamado «APSA Futuro» que pretende exactamente criar estruturas para o «day after» à escola e mesmo para o «day after» após a nossa presença na terra, coisa de que não se fala muito, mas que é igualmente importante. Sou associado mas, neste momento, apenas acompanho à distância o que se vai passando na Associação. Há certamente outros leitores que participam de forma mais activa e que lhe poderão dar informações mais actualizadas sobre o que a Associação está a fazer nesse domínio.
Um abraço
Olá a todos
Apesar da imagem negativa, que possa estar a passar do CAO.
Não posso deixar de ressalvar, que a CERCI que o meu filho frequenta, será das melhores do país, senão a melhor...Isso não está em causa, até mesmo a matéria humana é extraordinária; que isto fique bem claro.
Até vos posso dizer, que funciona em 3 valências (educativo; profissional e Cao),do educativo desconheço que o meu filho não frequentou (esteve sempre no ensino integrado regular).
Na formação profissional, em que ele esteve o tempo regulamentar que a lei permite, existem muitas aréas,ele esteve principalmente na do seu maior interesse informática na aréa do tele-trabalho, fez pequenas incursões tbm nas outras para despiste...
Além da que já referi existe tbm na FP:Cerâmica,Serrelharia,Jardinagem,Floricultura,Horticultura,Restaura ção(onde confencionam e são servidas as refeições),Lavandaria,AVD,Area de Projecto,Estratégias de Empregabilidade, e Acompanhamento escolar para os que frequentam o ensino regular e secalhar ainda me esqueci de alguma..
O próprio CAO tem imensas actividades, que vão desde Movimento onde fazem peças de Teatro,Desfiles de moda , Remo indor,Canoagem,Caminhadas,Natação; Hipotrapia,Cestaria;Serigrafia,Ceramica,TIC,Espaço Net.(secalhar outras que não tenho conhecimento).
Como podem verificar pelo discurso é um local excelente, a quem eu não puderia deixar de fazer justiça daí estar a usurpar todo este espaço,não é de maneira nenhuma um depósito de defecientes...
Mas há sempre um mas nestas questões, eu até devia estar tranquila, mas não estou, como podem ver neste historial todo, (FALTA AQUI A FATIA DO MEIO), que é o caso dos nossos homens, que nem estão na zona profissional, por não terem autonomia, nem espirito de iniciativa etc, mas tbm não estão na faixa daqueles que só conseguem fazer coisas muito limitadas.
Estarão suponho eu no tal (MEIO TERMO), capazes mas só com a devida protecção e orientação integrada.
Cara MariaMartin decerto haverá uma CERCI perto de si, mas possivelmente o futuro do seu jovem já não passará por aí.Esperemos...
Um abraço a todos e desculpem o exagero da conversação...
Maria Viana
Caro Asper
Aquela frase do sotão, faz-me lembrar ratos que é um animal que eu abomino,o meu "sotâo" está muitas vezes povoado de macaquinhos, que tento espantar (lol) é só para descomprimir.
Quanto ao futuro tbm acho que passa pelo associativismo, um só pouco consegue fazer tem de haver união eu tbm só sócia embora pouco interventiva pois não estou no centro nevralgico,tenho as quotas em dia e pouco mais,mas a nossa amiga presidente ,sabe que pode contar comigo dentro da minha região, tento ter um papel mais interventivo quer na divulgação, quer na exposição vai-se fazendo o que se pode...
Falou num ponto crucial que um dia teremos de desenvolver o pós nossa partida...
Um abraço aqui da chata...
Maria Viana
PS. no post anterior foram cortadas algumas palavras na FP:Horticultura e Restauração)
Meu Caros Asper e restantes Participantes. Embora sendo a 1ª vez que participo no seu blogue, leio assiduamente todos os assuntos e comentários desde o seu inicio. Tenho um filho que faz 9 anos em Fevereiro, que tem SA e é acompanhado no cadin desde os 5 anos. A sua evolução tem sido extraordináriamente visivel, embora os traços e muitas das caracteriticas ainda la estejam e obviamente estarão por toda a sua vida. Não venho aqui falar dele nem comentar a questão da lei, pelo que peço desculpas pela minha intromissão fora deste contexto. Aproveitei este assunto para informar de uma comunidade brasileira que tem vários foruns sobre aspegers, onde se pode ler e comentar sobre muitas das questões que nos afligem, autonomia, futuro, trabalho etc etc. O que eu achei interessante, nessa comunidade é que muitos dos depoimentos são feitos na 1ª Pessoa, ou seja por aspergers de muitas e varias idades. Assuntos como o bulling nas escolas, dislexia, receios e medos, manias e costumes enfim, um sem numero de assuntos que me parecem pertinentes e penso que todos nós, com mais ou com menos curiosidade, queremos saber como serão os nossos filhos com 20, 30, 40 ou mais anos. Pelo menos eu tenho essa curiosade. Aqui fica a dica.
www.orkut.com registem-se procurem as comunidades de apergers e já está.
Um Agraço a todos.
Luis
Cara Maria Viana
Creio que o ter de pensar nisso me envelheceu um bom par de anos. Em condições normais, dever-me-ia preocupar com o «day after» bastante lá mais para diante… São assim as coisas…
Abraço
Caro Luís
Fez bem em ter comentado e agradeço-lhe a dica. Tudo o que possa servir para aproximar pessoas com um mesmo problema é positivo.
Tudo de bom para o seu filho.
Volte sempre.
Já se confrontaram com a aplicação pratica deste diploma? Embora eu tenha esperança que irão ser feitos ajustamentos e serão dadas orientações para aplicação do mesmo, a verdade é que, confrontada com a aplicação do diploma, o mais certo é que o meu filho, com 4 anos, que só este ano consegui que tivesse apoio em intervenção precoce, com uma educadora do ensino especial que se desloca ao colégio, falando com ela e analisando a situação do meu filho, provavelmente correrá o risco de ficar sem apoio, sendo que o acompanhamento terá de ser efectuado, no caso, pela educadora, que não tem formação em educação especial. Ou seja, este diploma tem por referência a CIF (classificação internacional de funcionalidade) e, se ele preencher os requisitos de funcionalidade, ficará sem apoio (a educadora de ensino especial referiu-me que estão a ficar sem apoio crianças com trissomia 21 e outras situações e que se estão a deparar com situações verdadeiramente dramáticas). Isto é, o M. Educação entende que tem de gerir os seus recursos, que serão poucos, admito. Assim, canaliza-os para situações mais severas e os restantes procurem solução no mercado privado, pq no fundo será isto, será esta via capitalista da politica que se estará a prosseguir. Eu, de facto, achei que com este diploma o meu filho, com PEA, teria intervenção assegurada, engano o meu. Ele tem 4 anos, começou agora a falar, mas é o equivalente a uma criança de 18 meses, máximo 2 anos, neste domínio. Tem comportamentos sociais desadequados, baixa tolerância à frustração. Tem evoluido imenso, é verdade, nos afectos, na compreensão e interacção mas, tal, deve-se sem dúvida ao ambiente muito favorável que o rodeia: anda num colégio privado que se tem desdobrado em lhe proporcionar o melhor acompanhamento, quer pelo estudo que as educadoras têm feito desta problematica, na abertura de portas à conjugação de terapias, que os pais pagam, mas em articulação com a rotina e programa educativo do colégio, uma colaboração muito estreita entre agentes educativos e pais e, muito importante, um grupo de crianças maravilhosas que tratam o meu filho como um verdadeiro par, mas o ajudam nas dificuldades que detectam (estão juntos desde os 2 anos, por isso, grande parte deles tem crescido juntos, e estão em sala com meninos de 3, 4, 5 anos - sala de pré-escolar). Aqui a inclusão está a ser feita, agora o meu filho tem em muitos dominios competências inferiores às dos seus pares. E quando ele sair daqui, vai ter este mesmo ambiente tão favorável? sinceramente, duvido. Fiquei hoje a saber da realidade pratica deste novo diploma e, de facto, fiquei muito desiludida. Lá vou eu ter que continuar a recorrer aos privados e a pagar tudo a peso de ouro, sem a dedicação, disponibilidade e competência que verifiquei nesta educadora do ME, especializada em ensino especial ( de facto, têm ideia de quanto custará, em privado, uma manhã e uma tarde de intervenção em contexto escolar? eu costumo pagar as intervenções na ordem dos 40 euros/hora, havendo instituições, como o CADIN, por ex. que acrescem a deslocação. Assim, como dizia o outro, é só fazer as contas).
Pensem nisto e tentem aferir casos concretos de aplicação do diploma para, eventualmente, podermos tomar posições de constestação conjuntas. Individualmente irei faze-lo.
Cumprimentos a todos.
Maria Anjos
Hoje estou preocupada, fui levar o meu filho à escola disfarçado de palhaço. Tentei mudar-lhe a ideia de vestir-se de palhaço ele já tem 7 anos e nesta idade a maioria dos meninos escolhem outros disfarçes como guerreiro ou homem aranha etc, fiquei sempre na dúvida se os meninos iam gozá-lo, mas não consegui, ele não mudou de ideias... quando ele lá chegou ficou encostado à parede os meninos começaram a rir pela cabeleira, ele disse-me "os meninos estão a gozar", tentei ajudá-lo muito subtilmente ali naquela situação tirei umas fotos ao grupo penso que ele "ficou a sentir-se melhor", falei com a professora...espero que ele tenha ficado bem!!! estou com medo...
Cara Maria Anjos,
Na verdade, só com o decorrer do tempo iremos avaliar da eficácia deste novo diploma mas,atenta a perspectiva economicista do governo,estou de acordo consigo receando que se trate de mais uma "boa lei" com maus resultados práticos.É que de leis boas está este país cheio...o pior é mesmo a sua falta de aplicação ou a sua aplicação deficiente.A ver vamos...
Cara mãe de K,
O meu filho, com 10 anos,disse-me ontem que não quer mascarar-se, depois de eu já lhe ter comprado um fato de super-herói! Tentei saber qual a razão mas ele respondeu "porque não quero"...Penso que finalmente ele "cresceu" um bocadinho e apercebeu-se que os seus pares já não se mascaram.Mesmo ficando com uma máscara para dar a quem precise,fiquei feliz por ver uma pequena evolução.É assim, pequenas alegrias,pequenas evoluções,mas lá vamos andando.
Um abraço a todos!
mariamartin
Cara Maria Anjos
Não tenho ainda nenhuma notícia da aplicação prática deste diploma. Creio que o mal não está no diploma, nem no legislador, mas sim na sua implementação. Se o problema é a CIF:
1.º A CIF não vem referenciada em nenhuma parte do diploma, nem sequer lá vem nenhum outro modelo de identificação/classificação das necessidades educativas especiais;
2.º Se, por acaso, o seu filho ficar sem apoio na escola, pergunte com base em quê, em que artigo do diploma. A resposta tem de ter base legal, naquele diploma e não noutros quaisquer normativos internos do ME não previstos na lei;
3.º Se mesmo assim não resultar, exponha o caso à DRE respectiva.
Era o que eu faria.
Um abraço
Olá Mãe de K
Espero que as coisas tenham corrido bem na escola. No fundo, pode ajudá-lo e não substituir-se a ele. E isso - parece-me - fê-lo muitíssimo bem.
Um abraço
Cara Mariamartin
Quase me apetecia dizer-lhe que se a máscara nos servisse, podíamos usá-la. É que bem precisamos de uns fatos de super-heróis...
:-)
olá a todos, espero que o vosso carnaval tenha sido divertido, desculpem lá esta intromissão novamente em que o meu comentário não tem haver com este post mas é só para dizer que afinal no dia do carnaval da escola acabou por correr bem pelo que ouvi da professora. Eu tinha ficado preocupada porque vi a carinha dos meninos desejosos de começarem a "rir" mas não fizeram porque eu estava lá, e basta um começar e todos vão atrás, o problema é que o meu filho tem muita dificuldade de defender-se oralmente, acaba por zangar-se e as vezes agride. Mas também acho que o Asper tem razão se calhar esta situação fez-lhe bem...
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