O relacionamento com os amigos (Tony Attwood em Lisboa VII)
Vêem o gozo e os sarcasmos dos outros como demonstrações de amizade.
As amizades terminam no portão da escola, não trocam telefones, não demonstram interesse em falar com os amigos ao telefone ou na net.
Sentem-se muito sozinhos e os seus pares influenciam negativamente a sua auto-estima. Por estarem habitualmente sozinhos, são presas fáceis para os maus elementos e, se estes lhe derem atenção, tentam imitá-los para serem aceites.
Não sabem defender-se se forem acusados de algo que não fizeram.
A casa é para eles o seu castelo e só aí conseguem sentir-se seguros e tranquilos.
O contacto visual é evitado porque não o entendem.
Também não entendem as expressões faciais e por isso não percebem os sentimentos e os estados de humor dos outros.
Não conversam nem partilham ideias, recolhem e debitam informação (característica que também se mantém pelo resto da vida!).
Tudo tem de ser feito à sua maneira e segundo as suas regras – sofrem de my way síndrome.
Numa brincadeira ou jogo só vêem o resultado ou o produto final e não têm qualquer prazer nas diversas etapas para lá chegar. Por isso, os jogos não são, em geral, considerados divertidos.
Não possuem imaginação e por isso são rígidos e inflexíveis.
O seu sentido de humor é tão incompreensível para nós como o nosso para eles.
Não são sensíveis aos sentimentos dos outros.
Se um Aspie vir a sua mãe a chorar é mais provável trazer-lhe um lenço do que dar-lhe um abraço ou dizer-lhe uma palavra de conforto. É que ele próprio só chora por estar com dores ou estar confuso e não por estar triste.
O esforço que têm de diariamente fazer para se adaptarem ao meio social e controlarem-se é tão grande que facilmente ficam exaustos e em stresse, o que, por sua vez, ainda agrava mais as características da SA (tiques, comportamentos repetitivos, falar sozinho, etc.).
Em geral, o atraso no seu desenvolvimento social é de 3 ou 4 anos relativamente aos seus pares.
São grandes defensores da verdade e da justiça e, por isso, são habitualmente os delatores do seus colegas, o que não os ajuda a fazerem amigos.
Absorvem em demasia as emoções dos outros e sentem-nas muito, embora não as expressem. Daí que ambientes com discussões ou com muita animosidade lhes sejam prejudiciais.
O que podemos fazer?
Inscrevê-los no clube de xadrez, no clube da ciência ou noutro tipo de actividade supervisionada durante os tempos de recreio ou aconselhá-los a irem para a biblioteca.
Ensinar-lhes que, em caso de confusão, devem ir para junto de um grupo de outras crianças que não estejam envolvidas ou para perto de um adulto.
Em caso de crise evidente do Aspie, fale com ele sempre, apelando à lógica e à razão, explicando o que aconteceu com factos concretos. Não minta nem use o seu sentido de humor tentando brincar com a situação pois ele não vai entender.
Trabalhe a motivação para ele aprender a fazer amigos e ensine-lhe o valor da amizade, apelando para questões práticas – um amigo ajuda-nos se não soubermos o caminho, ou diz-nos aquilo de que nos esquecemos. Apele à sua sede de conhecimento – um amigo sabe coisas que nós não sabemos e por isso podemos aprender coisas com um amigo.
É muito importante que consigam ter pelo menos um amigo pois a amizade funciona como um verdadeiro antídoto para a depressão.
Os castigos não funcionam com os Aspies por isso use sempre a lógica, contando sempre histórias de sucesso. Não dê como exemplo: o Pedro portou-se mal e por isso ficou de castigo sem ver televisão; diga antes: o Pedro portou-se mal e por isso ficou de castigo e não pôde aprender no programa X tudo sobre os ursos polares e o seu modo de vida. Não diga: o Pedro não estudou e por isso teve negativa; diga antes: o Pedro estudou muito mais História do que Matemática e por isso teve uma boa nota a História. Dessa forma apelamos à sua sede de conhecimento e de informação e não diminuímos a sua auto-estima.
Não lhe diga: eu já não deveria ter de te explicar isto. Respire fundo e explique outra vez porque ele precisa!
maria martin
P.S. - Junte-se à Comunidade Virtual Planeta Asperger: no Userplane Webchat, no MSN Messenger ou no IRC.
As amizades terminam no portão da escola, não trocam telefones, não demonstram interesse em falar com os amigos ao telefone ou na net.
Sentem-se muito sozinhos e os seus pares influenciam negativamente a sua auto-estima. Por estarem habitualmente sozinhos, são presas fáceis para os maus elementos e, se estes lhe derem atenção, tentam imitá-los para serem aceites.
Não sabem defender-se se forem acusados de algo que não fizeram.
A casa é para eles o seu castelo e só aí conseguem sentir-se seguros e tranquilos.
O contacto visual é evitado porque não o entendem.
Também não entendem as expressões faciais e por isso não percebem os sentimentos e os estados de humor dos outros.
Não conversam nem partilham ideias, recolhem e debitam informação (característica que também se mantém pelo resto da vida!).
Tudo tem de ser feito à sua maneira e segundo as suas regras – sofrem de my way síndrome.
Numa brincadeira ou jogo só vêem o resultado ou o produto final e não têm qualquer prazer nas diversas etapas para lá chegar. Por isso, os jogos não são, em geral, considerados divertidos.
Não possuem imaginação e por isso são rígidos e inflexíveis.
O seu sentido de humor é tão incompreensível para nós como o nosso para eles.
Não são sensíveis aos sentimentos dos outros.
Se um Aspie vir a sua mãe a chorar é mais provável trazer-lhe um lenço do que dar-lhe um abraço ou dizer-lhe uma palavra de conforto. É que ele próprio só chora por estar com dores ou estar confuso e não por estar triste.
O esforço que têm de diariamente fazer para se adaptarem ao meio social e controlarem-se é tão grande que facilmente ficam exaustos e em stresse, o que, por sua vez, ainda agrava mais as características da SA (tiques, comportamentos repetitivos, falar sozinho, etc.).
Em geral, o atraso no seu desenvolvimento social é de 3 ou 4 anos relativamente aos seus pares.
São grandes defensores da verdade e da justiça e, por isso, são habitualmente os delatores do seus colegas, o que não os ajuda a fazerem amigos.
Absorvem em demasia as emoções dos outros e sentem-nas muito, embora não as expressem. Daí que ambientes com discussões ou com muita animosidade lhes sejam prejudiciais.
O que podemos fazer?
Inscrevê-los no clube de xadrez, no clube da ciência ou noutro tipo de actividade supervisionada durante os tempos de recreio ou aconselhá-los a irem para a biblioteca.
Ensinar-lhes que, em caso de confusão, devem ir para junto de um grupo de outras crianças que não estejam envolvidas ou para perto de um adulto.
Em caso de crise evidente do Aspie, fale com ele sempre, apelando à lógica e à razão, explicando o que aconteceu com factos concretos. Não minta nem use o seu sentido de humor tentando brincar com a situação pois ele não vai entender.
Trabalhe a motivação para ele aprender a fazer amigos e ensine-lhe o valor da amizade, apelando para questões práticas – um amigo ajuda-nos se não soubermos o caminho, ou diz-nos aquilo de que nos esquecemos. Apele à sua sede de conhecimento – um amigo sabe coisas que nós não sabemos e por isso podemos aprender coisas com um amigo.
É muito importante que consigam ter pelo menos um amigo pois a amizade funciona como um verdadeiro antídoto para a depressão.
Os castigos não funcionam com os Aspies por isso use sempre a lógica, contando sempre histórias de sucesso. Não dê como exemplo: o Pedro portou-se mal e por isso ficou de castigo sem ver televisão; diga antes: o Pedro portou-se mal e por isso ficou de castigo e não pôde aprender no programa X tudo sobre os ursos polares e o seu modo de vida. Não diga: o Pedro não estudou e por isso teve negativa; diga antes: o Pedro estudou muito mais História do que Matemática e por isso teve uma boa nota a História. Dessa forma apelamos à sua sede de conhecimento e de informação e não diminuímos a sua auto-estima.
Não lhe diga: eu já não deveria ter de te explicar isto. Respire fundo e explique outra vez porque ele precisa!
maria martin
P.S. - Junte-se à Comunidade Virtual Planeta Asperger: no Userplane Webchat, no MSN Messenger ou no IRC.
Etiquetas: Adolescência, Amigos, Escola, Eventos
15 Comentário(s):
Ressalta-me que da conferência, o tema amizade foi muito explorado.Como já várias vezes referi o meu filho só teve uma amiga, mas uma boa amiga relacionaram-se até ao sexto ano altura em deixaram de estar na mesma turma, mas mesmo em turmas diferentes essa amiguinha continuo a ser o seu escudo protector na escola até ao 9º. Ano, entretanto mudamos de cidade,eles tbm mas gostaria de os voltar a encontrar.Sempre estimulei as relações, mas na sua maioria sem sucesso, uma vez que ele não lhes dava continuiedade, e da parte dos amigos tem de haver uma enorme dose de aceitação e conhecimento a que nem todos estão dispostos (o que eu compreendo).Em relação a eles terem só 3/4anos de atraso, não me parece.Aliás parece-me que o meu parou no tempo e nunca ultrapassará a fase da infância. Ainda lhe chamo ás vezes o meu bébé, o que ele fica danado, e diz não me chames bébé, mas é mesmo o meu bébé grande e indefeso.E depois lá temos o que os colegas apelindam de ” Pika Xibo”, tal é a impossibivilidade de guardar segredo.O sentido do justiceiro, ás vezes tbm me baralha, ainda á poucos dias chegou muito alterado a casa, quando lhe perguntei o que se tinha passado, porque faço um interrogatório todos dias.Disse-me que havia um colega que batia em todos e que ninguem lhe batia, então ele qual super herói queria bater nesse jovem. Perguntei mas ele fez-te algum mal, não, mas os outros disseram ...
Um abraço a todos
Boa tarde a todos
Não tenho por habito comentar mas como tenho um filho adolescente e penso que de todas as fases esta é sem duvida a pior (a prova de fogo). A pior porque há uma maior compreenção da parte deles e uma menor em relação a eles. Enquanto são pequenos é muito mais facil protege-los, guiá-los e os outros são tb mais condescendentes porque afinal não passam de crianças e é facil desculpa-los.
Quanto aos amigos eles foram sempre o amargo de boca na vida dele e na nossa. Embora na escola ele tivesse alguns amiguinhos já os que moravam perto sempre foi para esquecer(se possivel). E embora o meu filho tenha melhorado com a adolescencia ele só consegue ser respeitado hoje na escola por ser um bom aluno.
Hoje e, provavelmente de futuro, não falarei mais falarei mais sobre a minha pessoa. Desculpem-me algum egocentrismo. Acho que já deixei suficientemente clara a minha posição sobre a “matéria”. Quanto mais sei sobre a síndrome e quantos mais casos conheço, mais certo estou da minha, e mais certo da tese que defendo, já claramente expressa no meu primeiro comentário: a maioria dos aspergers são funcionais, a maioria nem chega a ser diagnosticada.
Eu sei que a razão da diferença entre o que eu penso e o que pensa Asper e, provavelmente, muitos outros, é uma razão de raiz conceptual. Para Asper, e já o li várias vezes, o conceito de Asperger só faz sentido ou só deve ser aplicado a alguém que não consiga ser funcional. O que dizem todos os técnicos e teóricos, incluindo Tony Attwood, inclusive no 1º post aqui colocado pela mariamartin a propósito da Conferência acontecida em Lisboa, é a de que alguns (não é quantificada estes “alguns”) conseguirão sobreviver, o mesmo é dizer que serão funcionais. Diz Tony Attwood e dizem todos os especialistas que tenho lido e ouvido. Eu só acrescentei na minha “tese”, altamente empírica, que os “sobreviventes” serão a maioria. A minha família e o meu local de trabalho (20 anos de experiência) são laboratórios de excelência. Garanto-vos!
É evidente que as questões que coloquei no meu comentário anterior eram apenas de retórica. Desde o diagnóstico do meu filho que a Sindrome de Asperger se tornou, provavelmente à semelhança de todos vós, a minha nova “obsessão”. Claro que sei quais são os critérios de diagnóstico, claro que sei que o espectro do autismo é muito (talvez até muito mais do que aquilo que provavelmente imaginamos) grande e abrangente. Os meus comentários tiveram apenas como finalidade revelar a minha mais profunda convicção, que é contrária à corrente dominante neste espaço: Grande parte dos Aspergers são funcionais.
Espero que percebam que não estou aqui a tentar vender “banha da cobra”. Estou simplesmente a partilhar a minha mais sincera opinião, e não mais do que isso.
Estou certo que Asper não se sentirá abusado nem incomodado se alguém como eu aproveite o (seu) espaço que criou para veicular uma ideia diferente da sua. Estou certo que não. Antes pelo contrário. A propósito, saudações leoninas, e já cá canta mais um caneco.
Quanto a eu criar o meu próprio espaço virtual como sugeriu a Isa, é algopraticamente impossível, pois sou mais um quase analfabeto informático. Por outro lado, julgo não ser por falta de blogs ou de outros tipos de formato informático que a sindrome de asperger não é falada. Talvez falte é gente a querer expor as suas experiências, pois locais para o fazerem não faltam.
É certo que o meu filho ainda só tem 4 anos e meio. É certo que não tenho a experiência de outros pais e mães que aqui testemunham . Mas existe algo que eu tenho, e que é objectivo: o meu filho. Conto-vos que quando surgiu a hipótese do meu filho ser Asperger (com o D. Lobo Antunes) ainda antes do diagnóstico definitivo e realizei as primeiras pesquisas sobre o assunto, senti aquilo que todos aqui, por certo, sentiram: sentimentos muito fortes, por vezes difíceis de aceitar e gerir. A sensação de nos terem roubado o futuro e a felicidade, a sensação de nos estarem a extrair, a sangue frio, as “entranhas”. Tudo isso eu senti, por isso, acreditem, tenho uma ideia daquilo que cada um sentiu e sente. O que me fez sair desse “desespero” foi concentrar-me não no que ia lendo, mas no meu filho. E acreditem, não consigo prospectivar para ele um futuro que não seja positivo. Não se trata de uma questão de fé, mas de uma análise objectiva da sua personalidade, da sua inteligência, da sua curiosidade, da sua criatividade e imaginação. Claro que irá ter sempre apresentar algumas peculiaridades, é claro que, à imagem e semelhança de outros relatos de outras crianças, também irá sofrer em determinadas circunstâncias, provavelmente na escola. Claro que terá que enfrentar muitos obstáculos. Isso será normal e inevitável. Muitos crianças que não são Aspergers também passam por dificuldades. Mas daí até à inadaptação e a uma não funcionalidade, julgo ir uma distancia muito grande. Digo-vos mais, cá em casa, por força das circunstâncias profissionais, estamos muito habituados/rotinados a lidar com crianças, e aquilo que nos levou à Cadin, como já referi em outro momento, nada teve a ver com alguma desconfiança relativamente à Síndrome de Asperger. Fomos lá por um outro assunto, que só alguém muito experimentado consegue associar à síndrome de asperger. Se não tivesse sido este episódio, provavelmente até hoje ainda não havia um diagnóstico, embora e também como já referi, achássemos estranhos alguns comportamentos. Até o experiente pediatra que o acompanhou desde sempre ficou completamente surpreso e incrédulo.
Bom, já me alonguei em demasia. Desculpem-me mais uma vez por não comentar objectivamente os posts e perder-me um pouco em considerações supérfluas, algumas quase em jeito de confissão. Acho que ficou bem claro a minha opinião. Não quero melindrar ninguém, quero, embora com uma opinião diferente, solidarizar-me com um grupo ao qual também pertenço.
Um abraço a todas e a todos!
Desculpem-me outra vez, esquecime de assinar7identificar : Pai de A
Tal como o pai de A. tb não quero aqui tirar as esperanças a ninguem antes pelo contrario acredito que alguns conseguem e o meu filho é um deles.
Pai de A, obrigada pelo seu testemunho. Da minha parte já o tinha percebido :). Só insisti na questão do leque e do espectro para que percebesse que, às vezes, estamos a discutir filhos distintos uns dos outros e, portanto, pode custar-nos mais compreender que um indivíduo integrado coko o pai de A possa ser, efectivamente, um Asperger típico. O que para mim é SA poderá não o ser para pais com filhos mais marcados. O que eu digo é que as pessoas menos marcadas não deviam ser considerados Asperger, mas sim enquadradas num outro termo científico, de grau mais leve. Do ponto de vista da realidade, nada mudaria, julgo. Mas tornaria mais fácil para todos perceber até que ponto será evidente a incapacidade dos nossos meninos. Não há meios Aspergers ou há? Ou são ou não são. Obviamente, para quem tem um filho em idade adulta que não se tornou autónomo é difícil acreditar na autonomia dos SA. Mas partindo do princípio que os Aspergers todos são filhos alegres, comunicativos e socializantes, com algumas inabilidades aparentemente ultrapassáveis, então, sim, desse prisma, todos teriam boas hipóteses de virem, um dia, a ser trabalhadores integrados na sociedade. São questões de retórica sim. Quem nos dera a nós que só existissem exemplos de sucesso. Seria mais animador- por fé ou por convicção absoluta- que alguém nos pudesse garantir que os nossos filhos conseguiriam vencer esta luta. Mas, infelizmente, até à idade adulta é um pouco difícil determinar com exactidão tal coisa. Um beijinho. Isa
Caras Mina e Ana
Subscrevo genericamente ambas as experiências que relataram. Poderão existir pequenas diferenças mas no essencial foi também isso que aconteceu com o meu filho. Ele teve a sorte de já com 16 anos ter tido uma turma de gente muito generosa e tolerante com a diferença. Aliás, e contrariamente a muitos, eu tenho uma fé inquebrantável nas novas gerações em relação ao lidar com a diferença. Acho que são bem melhores do que eu e do que a minha geração e a precedente. E mais generosos. Falo do que conheço, com base na minha experiência. É uma generalização impressiva e sem qualquer base teórica.
Caro Pai de A
É sempre bem-vindo aqui para falar de si, do seu filho e do que quiser. Já aqui disse e sublinho que prefiro a diferença de opinião à concordância e sobretudo à falsa concordância. E esse é um ponto que gostaria de particularmente cultivar aqui. Não se pretende a «palmadinha nas costas» e o «fazer o jeito». Esteja, pois, inteiramente à vontade para discordar totalmente de mim. Além disso, meu caro, numa coisa não discordamos: é de que o Sporting já ganhou mais uma taça ;-) e estamos ambos satisfeitíssimos com isso...
Quanto aos conceitos de Asperger:
1 – O diagnóstico de Asperger feito em Portugal parece – à primeira vista – conter diferenças em relação aos critérios de diagnóstico que se lêem no DSMIV e outros;
2 – Não parece haver dados fiáveis sobre o número de aspergers «oficialmente» diagnosticados e de entre estes os que são autónomos e os que não são; os que estão integrados profissionalmente e os que não estão, os que constituíram família e os que não;
3 – Do pouquíssimo que conheço, não há casos de aspergers autónomos, com uma profissão e com família constituídas; em resumo, independentes;
4 – Dos que foram diagnosticados, seguidos no CADIn, parece, esta informação tem uns 2 ou 3 anos, havia apenas um a trabalhar de forma muito supervisionada num posto de combustíveis; profissionalmente, conheço muitíssimo mal o Núcleo de Integração Profissional do CADIn, que trata da inserção profissional de jovens adultos com perturbação mental ou do desenvolvimento; mas, segundo texto que está no site do CADIn, o NIP conseguiu, desde 2005, a integração de «dois jovens na área de serviço da Galp na Avenida Adelino Amaro da Costa, em Cascais, e de um jovem na área de serviço de Birre, também em Cascais. Está em curso a integração de um jovem na área serviço de Queijas. Dois dos jovens integrados passarão brevemente aos quadros da GalpGest». O CADIn refere ainda nesse texto que «a GALP - Galp Energia elegeu como um dos seus valores a Responsabilidade Social» e que «impulsionado pelo sucesso da parceria com a Galp Energia, o CADIn tem a expectativa que este projecto seja alargado a mais empresas e sectores da Sociedade portuguesa». Não sei se é este o balanço, se há mais. É isto que está no site do CADIn e são os únicos dados que conheço e não são sequer especificamente sobre Asperger; se alguém tiver outros e quiser partilhar, agradecia;
O que refiro nos quatro pontos que sublinhei atrás não é fé, nem crença. São factos.
Um abraço
Cara Ana
Espero sinceramente que sim, que o seu filho consiga.
Um abraço
Cara Isa
Concordo consigo. Há realmente muito a fazer no que respeita ao diagnóstico de asperger. E estes nossos pontos de vista divergentes acabam por reflectir isso mesmo. Temo, porém, que neste particular se estejam a misturar alhos com bugalhos. E era urgente – parece-me – que assentássemos nisto. Não deixa de não ser sintomático que a legislação apenas fale em PEA e nunca em Síndrome de Asperger.
Um abraço
Caro anónimo Pai de A,
Li os seus comentários atentamente e apenas agora por falta de tempo.
Penso que se acha que tem SA deveria consultar um especialista e submeter-se a um diagnóstico.Seria talvez a forma de se tranquilizar.
Na conferência do Tony Attwood foi dito que muitos pais são diagnosticados após o diagnóstico dos filhos e quando confrontados com os "sintomas".Também foi referido que há muitos aspies que só se apercebem que o são na idade adulta e nessa altura procuram ajuda.
Se isso prova ou indicia que os aspies podem ser autónomos é que já me deixa algumas dúvidas...
Pelo que sei,existem vários graus de afectação,tal como na cegueira,na surdez ou em outras deficiências e,por isso,acredito que alguns,os mais ligeiros, consigam a autonomia suficiente.Mas penso que sejam a excepção.
Como talvez já saiba,o meu filho de 10 anos é um caso ligeiro de SA e passa despercebido nos meios que frequentamos.É bom aluno,excelente atleta, o que não é comum na SA mas estão lá todos os sintomas e é especialmente afectado no emocional e no social.
Os anos vão passando e ele não consegue ser autónomo a arranjar a mochila para a escola,a saber que dia é,a lembrar-se do que tem para fazer...Não tem amigos, não demonstra qualquer afecto por ninguém...os que vivemos à sua volta somos "seres funcionais"...
Mas sendo um caso ligeiro, temos alguma esperança,que vamos alimentando de forma sensata e vivendo um dia de cada vez.
Um abraço para si e para todos!
mariamartin
Caro Asper
Tal como seu filho tambem o meu foi diagnosticado no Cadin aos 16 anos.
Creio que o meu percurso não foi muito diferente do seu.
Também eu via que havia qualquer coisa de diferente que os medicos nao viam mas que as outras crianças notavam.
Com a entrada na adolescencia houve uma evolução embora tenha ficado muito mais ansioso e com muito mais "tics"
Na escola ele mantem-se adaptado com algumas dificuldades nos relacionamentos e bastante facilidade na aprendizagem e esta facilidade traz-lhe de algum modo o respeito dos colegas e dos professores.
Por isto e porque toda a gente me dizer que ele está melhor penso que o meu filho poderá vir a ser autonomo (não sem sofrimento mas com toda a preserverança que consegue por em tudo o que quer).
Tudo de bom para si e para seu filho
Cara Ana
Pensava que o seu rapaz fosse mais novo! Talvez o nosso percurso não seja, de facto, muito diferente, pelo menos até um determinado momento. É que o meu já saiu da escola, porque o aproveitamento era medíocre, e com isso foi-se a esperança – eu nunca a tive – e o seu ainda lá está, porque o aproveitamento é muito bom. Não acho, aliás, que a questão do aproveitamento seja particularmente relevante no que respeita à SA e que isso faça toda a diferença. Acho que apenas atira o problema mais para a frente. Mas também não duvido que quanto maior for o aproveitamento escolar maiores são as probabilidades de um qualquer tipo de integração. Isso é mais do que certo. Porém, e independentemente daquilo em que acredito e que acho – e distingo muito bem entre crença e desejo e espero que perceba bem esta diferença de planos – desejo-lhe também – acredite – do fundo do coração tudo de bom para o seu rapaz, com o máximo sucesso e com a máxima integração. O caminho que fiz, que faço e que farei é demasiado penoso para querer qualquer tipo de companhia no mesmo. O que me fez abrir este espaço é exactamente tentar contribuir para que outros façam percursos menos penosos do que o meu, não é para ter qualquer tipo de companhia na adversidade. Não me consola a existência de casos iguais e não procuro sequer qualquer tipo de apoio com estes escritos. Apenas abri este espaço numa altura em que não existia nada como uma espécie de dever cívico, razão pela qual ainda o vou mantendo.
Abraço
Olá a todos,
As vezes penso no futuro do meu filho, ele agora caminha para a adolescência, fico muitas vezes com medo do 5º ano que vai ser quando ele sair desta escola e irá para uma maior cheia de muitas crianças. Numa reunião que eu tive com a professora do ensino especial, psicologa e terapeuta, disseram-me que claro que ele vai sofrer um pouco quando fôr para o 5º ano é o começo da adolescência e aqui os meninos são por vezes muito cruéis... Eu respondi que o que eu quero para o meu filho é que sofra como as outras crianças e não mais do que elas... Eu quero-o integrado, a fazer "asneiras" como as outras crianças... As vezes na hora do deitar tenho sempre uma conversa com os meus filhos e refiro sempre que devem trabalhar dentro da sala de aula e no recreio devem brincar, refiro muito isto porque as empregadas da escola as vezes dizem-me que o meu filho brinca pouco fica muito tempo sozinho no recreio, o problema é quando ele quer falar com algum colega ele está mais interessado em continuar na brincadeira que estava, do que propriamente ouvir o que o meu filho tem para dizer.
Quando o meu filho vai, os outros meninos já deram 2 voltas ao quarteirão e já estão chegando à meta. Isto preocupa-me.
mãe de K
Meu melhor amigo era Aspie. Sempre fiz de tudo para dar a melhor companhia, ser sua melhor amiga e ajudá-lo, principalmente quando se sentia sozinho e precisando "conversar" com alguém. Certo dia, já me apaixonando por ele e ciente em aceitá-lo como era e ele também demonstrando uma certa afeição por mim, eu fiz um simples desenho, dois bonequinhos de mãos dadas e dizendo 'amo muito você' - ele se sentiu muito incomodado com isso e havia falado que o amava muito e errei por ter confessado, queria mesmo q este amor em cima de nossa amizade não tivesse nunca surgido...ele depois disso, me bloqueou de seus contatos e não fala mais comigo. Perdi um amigo que era importante para mim...
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