Terapias – to be or not to be
Tem-se falado, quer nos posts, quer nos comentários, na eficácia das diversas terapias aplicadas aos portadores de Síndrome de Asperger (SA). Dou, como sempre, apenas a minha opinião, resultado da minha experiência, sem procurar extrapolar e sem fazer da minha experiência particular uma lei geral. Distingo nelas dois tipos de abordagens terapêuticas, as de natureza mais psicológica – para simplificar psicoterapias, terapias comportamentais e afins – e as de natureza mais física ou motora – para simplificar psicomotricidade e afins. É claro que muitas delas se encontram a meio caminho, isto é, estão na charneira entre uma e outra.
Quanto às primeiras, não creio que tivessem melhorado substancialmente o desempenho do meu filho. As características de base da Síndrome são tão profundas e estão tão inculcadas no seu ser e no seu estar que não me parece que os diversos tipos de acompanhamento de que beneficiou tenham melhorado muito o quadro. Encontro mesmo um paralelo entre estas características e as perturbações obsessivo-compulsivas. Ou seja, ele sabe que aquele não é um comportamento socialmente aceitável mas o que leva a ele sobrepõe-se a qualquer terapia ou ensinamento como uma espécie de pulsão interior incontrolável. E temos, assim, que, ou não sabe e não se apercebe, ou sabe e apercebe-se, mas a SA é mais forte do que ele. O resultado final, porém, é o mesmo. Isto é o que eu acho.
Quanto às segundas, ou seja, as terapias que visam melhorar algumas características de base motora da SA, creio que os progressos registados são assinaláveis. Dou-vos um exemplo. O meu filho gosta muito de ver e de jogar futebol. Mas tem – e sempre teve – muito pouco jeito. Lembro-me até de alguém me dizer que um dos parâmetros que um conhecido médico no diagnóstico da SA costuma usar é exactamente o do «jeito para o futebol». Se tem jeito, é bem provável que não seja SA, se não tem é bem provável que seja. Pretende-se, no fundo, aferir do nível de desajeitamento motor através de uma actividade comum e quase unânime entre as crianças: o futebol. Ora o meu filho beneficiou, desde cedo, de terapia de psicomotricidade, com um técnico de mão-cheia, com o qual estabelecemos ao longo do tempo uma excelente relação. Era um técnico e uma pessoa por quem nutrimos ainda hoje uma grande estima e que recordo com saudade. E nesta área, a da destreza motora – motricidade fina e não só – mercê dos apoios que teve e da sua própria persistência, o desenvolvimento do meu filho foi muito bom. Continua com pouco jeito para o futebol, é certo, mas comparando com o ponto de partida, a evolução foi notável e, posso dizê-lo, surpreendeu-me.
Quanto às primeiras, não creio que tivessem melhorado substancialmente o desempenho do meu filho. As características de base da Síndrome são tão profundas e estão tão inculcadas no seu ser e no seu estar que não me parece que os diversos tipos de acompanhamento de que beneficiou tenham melhorado muito o quadro. Encontro mesmo um paralelo entre estas características e as perturbações obsessivo-compulsivas. Ou seja, ele sabe que aquele não é um comportamento socialmente aceitável mas o que leva a ele sobrepõe-se a qualquer terapia ou ensinamento como uma espécie de pulsão interior incontrolável. E temos, assim, que, ou não sabe e não se apercebe, ou sabe e apercebe-se, mas a SA é mais forte do que ele. O resultado final, porém, é o mesmo. Isto é o que eu acho.
Quanto às segundas, ou seja, as terapias que visam melhorar algumas características de base motora da SA, creio que os progressos registados são assinaláveis. Dou-vos um exemplo. O meu filho gosta muito de ver e de jogar futebol. Mas tem – e sempre teve – muito pouco jeito. Lembro-me até de alguém me dizer que um dos parâmetros que um conhecido médico no diagnóstico da SA costuma usar é exactamente o do «jeito para o futebol». Se tem jeito, é bem provável que não seja SA, se não tem é bem provável que seja. Pretende-se, no fundo, aferir do nível de desajeitamento motor através de uma actividade comum e quase unânime entre as crianças: o futebol. Ora o meu filho beneficiou, desde cedo, de terapia de psicomotricidade, com um técnico de mão-cheia, com o qual estabelecemos ao longo do tempo uma excelente relação. Era um técnico e uma pessoa por quem nutrimos ainda hoje uma grande estima e que recordo com saudade. E nesta área, a da destreza motora – motricidade fina e não só – mercê dos apoios que teve e da sua própria persistência, o desenvolvimento do meu filho foi muito bom. Continua com pouco jeito para o futebol, é certo, mas comparando com o ponto de partida, a evolução foi notável e, posso dizê-lo, surpreendeu-me.
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31 Comentário(s):
Olá Asper...
Deixe que lhe diga que não podia estar mais de acordo com consigo.
No caso do meu filho (ainda muito pequeno e com um longo caminho pela frente) de 4 anos, acho exactamente o mesmo. Todas as terapias que tem feito, terapia ocupacional, hipoterapia e prática psicomotora, lhe têm feito muito bem. Ganhou muito mais coordenação motora, assim como maior controlo ao nível da motricidade fina. Consequentemente ganhou também muito mais auto-estima (pois agora já faz coisas que não fazia e sente-se muito mais seguro de si). No entanto, as consultas que faz com a psicóloga do projecto de intervenção precoce, assim como as consultas de pedo-psiquiatria, na minha opinião, são como as canjas de galinha, não fazem bem nem mal.
No entanto, quero acrescentar, que no caso das consultas de pedo-psiquiatria, elas fazem muito bem, a nós (pais e irmã). Porque nelas colocamos as nossas dúvidas, ao nível do relacionamento com o meu filho, e temos obtido uma grande ajuda nesse aspecto. Só por isso acho que vale a pena lá ir. No entanto, e como já referi, no meu filho, não noto grande alteração por fazer essas consultas. Sinto até mesmo que ele seria o mesmo com ou sem consultas.
Uma das terapias que tem feito, e que na minha opinião, tem obtido muitos resultados, é a Hipoterapia. Está muito mais calmo, tem muito menos ataques de fúria, faz menos birras, suporta muito melhor o toque e demonstra maior facilidade no contacto social.
Claro que todos estes meus "muitos", são na realidade apenas alguns. Mas como tem ocorrido num espaço de tempo tão curto (1 ano lectivo), e são para mim tão importantes, daí dar-lhes essa classificação.
Olá a todos!
Após o período de férias, vim logo ver as novidades. Concordo com o Asper e com a Cristina. Também o meu filho, de 4 anos, tem feito terapia ocupacional, terapia psicopedagógica, terapia da fala e consultas com pedopsiquiatra. De todas, a que notei maior evolução foi com a terapia ocupacional. Aí sim os resultados começaram a notar-se de semana para semana. A terapia psicopedagógica, apesar de no ínicio ele ter estabelecido um bom contacto com a terapeuta, com o passar do tempo, começou a fazer mais mal do que bem: ficava irritado, ancioso, tentava despachar a sessão o mais depressa possível, fazia rapidamente o que lhe pediam e dizia "já tá" e não queria mais. Hoje já aceita melhor, mas só porque eu pedi à terapeuta para não ter uma abordagem tão rígida. As consultas de pedopsiquiatria correm bem, também porque ele estabeleceu uma boa empatia com o médico e, também como diz a Cristina, as mesmas acabam por ajudar os restantes membros da familia. Recentemente, e como o meu filho tem uma linguagem muito pobre, embora em termos receptivos esteja muito bem, começou com a terapia da fala. Também está a resultar muito bem, mais uma vez pela boa empatia com o terapeuta. Quanto a hipoterapia, já nos aconselharam, até porque ele adora animais, cavalos incluídos, mas como tem alergias resolvemos esperar mais um pouco. vamos experimentar a leva-lo às aulas de equitação do irmão para ver a reacção dele. No fundo, acho que as terapias que resultam são aquelas em que o terapeuta efectivamente se empenha e transmite isso quer à criança quer aos pais. Depois, a grande parte do trabalho continua a ser sempre dos pais. No caso do meu filho, se não lhe dispenso aquela atenção diária, que para ele é desde que chego a casa até que se deita (11 horas da noite!), começa a isolar-se e a ficar com mais birras. Se brincamos e vamos estruturando brincadeiras com actividades de aquisição de conhecimentos e controlo de comportamentos, as coisas vão correndo melhor. Contudo, fazer isto todos os dias nem sempre é fácil para pais que trabalham o dia inteiro e que têm outro filho para cuidar. Aqui, chegamos à questão da falta de apoios, mas isso será para outra conversa.
Um bem haja a todos.
Maria Anjos
Caro Asper e restantes visitantes deste excelente blog!
Regressada das 1ªas férias após sabermos que o nosso rapaz "esquisito" tem SA,vim ler os vossos comentários que sempre me animam com a sensação de que não estamos sózinhos neste confronto diário com "os pequenos nada" como o Asper um dia lhes chamou e que nas férias, em 24h sobre 24h, se tornam por vezes muito pesados.
Após a nossa "não memorável" experiência com uma psicóloga clínica que durante 6 ou 7 meses sempre negou a evidência do diagnóstico de SA, com disparates como "ele conhece muito bem as regras sociais" embora lhe dissesse que tinha de o "mandar" cumprimentar as pessoas com antecedência ou "ele tem muitos amigos, sabe o nome de todos os colegas da turma" ao que respondi "pergunte-lhe lá quantos já foram lá a casa brincar com ele ou o convidaram para a festa de anos" (apenas um!), fizemos o diagnóstico no CADIN e iremos lá voltar em Setembro para a dita "análise comportamental e de competências".Uma vez que eu e o meu marido, felizmente, partilhamos o "realismo cruel" de não estarmos com esperança de sair de lá com "receitas" milagrosas, esperamos pelo menos conseguir algumas "instruções de uso" para poder aliviar o já evidente sofrimento dele ao perceber que há qualquer coisa nele que não está bem...Depois disso, não temos a menor intenção de o submeter seja a que tipo de tratamento ou terapia for!Ele é um caso ligeiro, não tem comprometimento motor nem problemas de fala e em 80% do tempo tem um comportamento aparentemente normal e que, aos 9 anos, ainda "disfarça"...Por ex., a minha sogra, pessoa já de alguma idade, acha muita graça ao facto de ele passar 1 tarde inteira a ver desenhos animados, rir às gargalhadas e falar sózinho com a TV, segundo ela "ainda é muito bébé mas isso com a idade passa-lhe"!Pois...!É que em princípio não vai passar, com ou sem terapias, até porque tem vindo a piorar com o tempo...No ano passado, por ex. nunca o vimos a rir sózinho e deliciado para a água que nascia da poça de água que fazia à beira-mar...como vimos este ano...
Da minha parte e por ora...terapias não, obrigado!
Cara Cristina
Creio que a pedopsiquiatria, nestes casos, serve essencialmente para gerir a medicação e eventualmente para apoio aos pais.
A hipoterapia é uma possibilidade interessantíssima. Infelizmente no tempo do meu filho – por assim dizer – nem sequer se falava disso!
Cara Maria Anjos
O que acho curioso, quando vos leio, é a panóplia de recursos que hoje existem quando comparados com a situação há 15 anos atrás, em que as possibilidades eram muitíssimo mais limitadas e genéricas. Na verdade, também nós nos tivemos de envolver nas terapias, encontrar e «praticar» as melhores soluções, apenas com umas dicas daqui e dali e pouca orientação. Ainda bem que as coisas estão hoje bem melhores!
Cara Mariamartin
Pois o que dizer em relação ao seu comentário! Subscrevo literalmente tudo o que diz. Aliás, todos os episódios que refere: o da médica, o da avó, etc. parecem-me decalques da minha própria experiência. É como ver o filme da minha própria história. Sobre o do médico, leia o post: «134 amigos e nenhum amigo» de 27-03-2006 e verá. :-)
Caro Asper,
Fui ler o post "134 amigos" uma vez que apesar de já ter lido quase todos os publicados esse ainda não.Li também os comentários e a referência à não diferenciação entre "colegas" e "amigos" tb me é muito familiar!Aliás, actualmente notamos que a principal fonte de stress para o nosso aspie é exactamente a falta de empatia com os seus pares e sentir que os outros não gostam dele.No entanto, uma vez que ele ainda não sabe que tem SA e tem "a mania que sabe tudo", acha que o problema é dos outros que "são parvos" e "não sabem brincar"...
Hoje quero deixar aqui a mais notória conclusão a que já cheguei como recém habitante deste Planeta Asperger e que resulta do contacto convosco e das vossas experiências:todos nos confrontamos com as mesmas dificuldades independemente do grau de afectação dos nossos portadores de SA e da sua idade actual!Os diagnósticos errados ou até disparatados,a resistência inexplicável dos médicos aos nossos "diagnósticos caseiros",a dificuldade em encontrarmos na sociedade portuguesa as ajudas a que têm direito todas as pessoas com deficiência (porque como disse o Asper "os nossos" são deficientes mas são "diferentes")e a incompreensão dos outros perante uma deficiência que não é tão evidente como a debilidade mental, o Síndrome de Down ou outras.E parece-me que são exactamente estes "fardos" comuns que fazem esta partilha de ideias e de experiências tão útil e necessária pois,por último,não só os diagnósticos são na sua maioria caseiros como as "terapias" caseiras são também as mais eficazes.Por isso um dos meus livros de férias foi o do Tony Attwood, tal como muitas páginas da net, para que possa por mim fazer melhor o que os outros cobram dinheiro para fazer muito mal.
caro asper
seja bem-vindo de novo ao nosso planeta.
Senti falta desta nossa partilha virtual, apesar de transparente.
Esta tranparência aprendia-a com o meu Aspie, como é possível aprender-mos algo com eles...
Contrariamente ao que um pai já comentou aqui no blog, encontro mais progenitores de crianças em idade pré-escolar e escolar do que jovens e adultos, parece-me que somos só nós.
Indo de encontro ao seu post, relativamente a terapias o meu filho só fez psicoterapia regular desde os 7 anos até agora aos 22anos, não vi de facto quaisqueres resultados nessa terapia, o que alíás mencionei várias vezes á pedopsiquitra, não por incompetência, mas únicamente não conseguiu estratégias capazes de alterar os comportamentos.
Até que no passado mês interronpemos as sessões e sinceramente não vejo alterações.
Era apenas mais uma rotina, por sinal cara e controlada ao cronómetro.
Terapia da fala ou motora nunca chegou a fazer, em relação á fala não me parece que tivesse sido necessária uma vez que nunca houve problemas de diccão, mas sim de repetição...
Em relação á motrocidade
teria sido necessária, mas foi nos aconselhada muito tardiamente por volta dos 13 anos.
Mas fundamentalmente o que eu acho mais importante é o treino da sociabilização e da autonomia.
Essas terapias sim ,são essências para uma melhoria de vida dos "nossos Aspies".
No meu caso pessoal as melhores terapias que o meu filho teve, foi o nascimento da irmã agora com 13 anos, que embora muito mais nova têm um forte ascente sobre ele.
E a ligação aos escuteiros foi uma experiência muito gratificante, nunca ele inter agiu tão bem, pena foi tê-los descoberto muito tarde.
Pois é caro Asper, no nosso tempo não havia esta parafernália de terapias, a literatura era escassa,internet nem pensar!...
Será que estamos a ficar velhos?(risos)não leve a mal...
Bem agora a minha melhor receita,
então aqui vai:
Dose grande de amor...
Junte uns quilos de paciência,
misture bem, sem deixar ferver.
Cumprimentos a todos os participantes neste blog...
Maria Viana
Antes de mais, espero que as férias do caro Asper e dos demais comentadores tenham sido boas.
No que respeita ao post e às terapias, numa fase muito inicial a minha filha teve musicoterapia (quando tinha 3 anos e durante um ano, com o único objectivo de estabelecer-mos comunicação com ela através de diversos instrumentos, que por várias razões, cativavam a sua atenção), piano (este ano lectivo, com 6 anos, com o mesmo objectivo).
Tem ainda, desde os 4 anos, terapia da fala.
A terapia da fala não serve, claro, para melhorar a dicção (pois ela fala pouco); serve para estabelecer pontes de comunicação com ela e para desenvolver estratégias, com vista a melhorar as suas competências sociais.
Tenho um enorme respeito pela terapeuta da fala; neste momento, e desde há bastante tempo, é mesmo a única pessoa em quem confio plenamente (pela experiência que tem, pelo bom senso e razoabilidade excepcionais que revela e pela forma como conseguiu estabelecer uma relação de confiança e, sobretudo, de afectos - direi mesmo de amor - com a minha filha).
Contudo, (aliás falei disto com a terapeuta da fala da minha filha há pouco tempo), gostaria de vos dizer que continuo a achar que a melhor terapia, para estas crianças (falo, obviamente, pensando na minha filha,) é feita pelos pais, pela família, direi mesmo pela família alargada.
Estas crianças necessitam (tal como outra criança qualquer, mas de forma mais evidente, parece-me) de uma rede alargada de contactos sociais, que as ensine/obrigue a aprender a lidar com diversas/diferentes pessoas, encontrando numas conforto, noutras confronto, noutras ainda consolo, etc. Só assim compreendem que com cada um dos Outros têm que ter estratégias diferentes de interacção.
E penso nas famílias que só têm um (às vezes dois) filho(s) e que se fecham completamente ao contacto com o exterior (pelo compreensível esforço que isso implica), impossibilitando (perdoem-me a palavra) que os seus filhos treinem as competências sociais, a aprendizagem do Outro.
E por causa deste esforço permito-me discordar da Maria Martim quando diz que as nossas dificuldades prendem-se com os «diagnósticos errados ou até disparatados,a resistência inexplicável dos médicos aos nossos "diagnósticos caseiros",a dificuldade em encontrarmos na sociedade portuguesa as ajudas a que têm direito todas as pessoas com deficiência» e «a incompreensão dos outros».
Sem dúvida que tudo isto faz parte das nossas dificuldades. Mas o que para mim é mais difícil é o esforço diário, na relação com a minha filha; o desgaste, a saturação, que vai moendo ao longo de dias, de meses, de anos.
E, contudo, olho para ela e sei que já não consigo imaginá-la de outra maneira (e já nem me lembro quando foi a última vez que olhei para ela e imaginei que, por golpe de magia, ficava diferente da noite para o dia). O amor é assim. Como diz Fernando Pessoa, "Amo como ama o Amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar."
E concluo (finalmente!) dizendo que concordo em absoluto com a "receita" da Maria Viana.
:-)
Posso dizer que nas consultas de pedo-psiquiatria e sua equipa, de um hospital publico nunca admitiram que o meu filho fosse SA, eu é que estava a ver tudo mal(diziam)... isto durante meses.
Só no particular, em 2 locais a que fui (pois podia estar mesmo a ver mal as coisas), é que confirmaram e me ajudaram... e uma outra equipa de outro hospital publico também confirmou, SA.
Foi uma longa luta... e bem grande
Cara Mariamartin
Como viu, é notável a coincidência entre os nossos dois discursos, no que diz respeito ao médico. Quanto a sogras/mães e afins, acredite que ouvi coisas muito semelhantes. E sempre fui um bocado penalizado por ver o quadro mais negro do que «psis» e outras «tecnicidades». Pelo menos isso serviu-me para uma coisa, para robustecer a minha relação com médicos e demais técnicos, hoje mais musculada. Entre a opinião deles, tantas vezes atirada «de cátedra» (falo aqui dos médicos, a entidade que mais próxima está de Deus na Terra), e a minha, vale a minha.
Cara Maria Viana
Ainda bem que teve sorte nos escuteiros. Também tentei isso, mas dei-me muito mal e fiquei, porventura erradamente, com muita má imagem daquele grupo. Ainda por cima pus tudo em cima da mesa e não escondi nada. O meu filho foi a duas sessões e foi tudo. Quando não vejo vontade, nem atitude, saio muito antes que me digam para sair. E achei aquilo tudo – eu não andei lá, tenho pouco jeito para pertencer a «grupos organizados» - demasiado rígido e um bocado paramilitar. Mas não quero - claro está - ser injusto e tomar a parte pelo todo.
Cara Maria
As férias foram boas e ainda não estão completas :-)
Quanto ao «post», pergunto-lhe como é que compagina o facto de dizer que a melhor terapia para estas crianças é feita pelos pais e pela família com o que dizia, há uns «posts» atrás, que ou se é pai ou terapeuta ;-). Quanto à rede de contactos sociais alargados, é uma «teoria bonita», de facto, e aplicável, não sei se com muito sucesso, em idades precoces, mas, a meu ver, tão inglória como a pedopsiquiatria, à medida que o tempo vai passando. Esta é, como sempre, a minha opinião, fundada, apenas e só, na minha própria experiência. Voltarei a este tema em próximo «post».
Caro Anónimo
Bem-vindo ao PA. É experiência comum a muitos de nós, como pode ver. Há uns anos atrás, calculará por certo o que tenha sido com os pais dos que são hoje adultos…
Caro Asper,
a expressão "terapia" pode ter vários significados.
Quando há uns posts atrás referi que sou mãe e não terapeuta quis dizer que não me sento à frente da minha filha e não desenvolvo as estratégias que alguns terapeutas sugeriam que desenvolvesse, de forma contínua, durante um determinado período de tempo (por ex., no departamento de autismo do hospital pediátrico de Coimbra até me deram um volume grosso, ilustrado, com as estratégias a levar a cabo).
Mas ao lidar diariamente, como mãe, com a minha filha, faço, obviamente, "terapia", no sentido em que, tal como fiz com a mais velha (ainda que agora o faça de forma mais consciente e assertiva) procuro explicar-lhe como reagir, como actuar, etc.
Esta "terapia" pode e deve ser feita por qualquer outro elemento da família, alargada ou não, e é a base da aprendizagem de qualquer pessoa.
Agora vou eu de férias.
Um abraço a todos.
Caríssima Maria
Registo as aspas da sua terapia :-). Tenha umas boas férias.
Caro Asper...
Achei interessante, o facto do Asper ter focado a questão da medicação.
No caso do meu filho, foi sugerido pelo pedo-psiquiatra, a quando das primeiras consultas, o uso de medicação. Algo que me chocou muito, diga-se. Porque o meu filho tinha 3 anos na altura, e porque não a apresenta a síndrome de uma forma muito marcada.
Não me pareceu (nem ao pai), que fosse adequado "encher" o meu filho de medicamentos, desde tão cedo. Até porque, não tínhamos iniciado, ainda, qualquer "tentativa" de ajudar o meu filho. Como tal declinamos, totalmente tal sugestão.
E não me arrependo nem por um instante. Continua a ser muito desgastante lidar com o meu filho (como qualquer um de nós saberá), mas, prefiro assim, a viver com um "vegetal" de 4 anos. E ainda me arrependo menos, quando me cruzo com um menino de 9 anos (que frequenta a hipoterapia com o meu filho) que está medicado desde os 4 anos, e que parece um boneco articulado, com poucas reacções.
Decididamente, não é um filho assim que quero.
Cara Cristina
Creio que fez bem, atendendo à idade do seu filho. Penso que será benéfico resistir até onde puder, pelo menos até as pressões da escola e da sociedade se tornarem mais intensas. Aliás, porque nem sequer há medicação para as causas da SA, mas apenas para as consequências. Ou seja, a medicação apenas minora os efeitos da síndrome.
Mas mais até do que impedir a medicação «tout court», é necessário estar atento a alguma medicação, ler sempre as bulas, pedir esclarecimentos e em caso de dúvida consultar segunda opinião... Isto, em minha opinião, claro está!
O meu filho tinha uma memória excelente que foi perdendo devido a um medicamento que tomou - de que já não recordo o nome - prescrito por uma pedopsiquiatra que aliás motivou algumas querelas com o neuropediatra. Aquilo embruteceu-o de forma visível.
É muito animador verificar, pelos comentários dos pais de aspies mais velhos, que as coisas têm evoluído e que agora há muito mais informação e ajudas do que dantes (será possível?). A ver se me queixo menos! E se aprendo a dar valor ao que, pelos vistos, os filhos do Asper e do outro Anónimo não tiveram.
Saudações para todos, em especial para estes pioneiros, que nos facilitaram a vida.
Caro anónimo
Dou-lhe as boas-vindas ao PA. O seu comentário esteve, aliás, na génese do «post» seguinte onde se mostra bem a diferença entre a realidade de hoje e a de ontem.
No caso do meu filho com 14 anos, o treino das competencias sociais ( descodificação de códigos e condutas sociais, treino de social skills, etc) que poderemos enquadrar genericamente naquilo que chama psicoterapia revelou-se bastante util. A nivel da psicomotriocidade a marcha ( principalmente em espaços abertos na natureza) serve como um optimo escape de tensoes intrapsiquicas que, como todos os SA, tem
MM
Caro MM
Pessoalmente, acho que à medida que a idade avança o treino das competências sociais vai sendo cada vez menos eficaz. E há claramente um desajuste entre a sofisticação que as relações sociais vão ganhando e a capacidade dos aspergers para apreenderem todas as suas nuances. É o que acho, de acordo com a minha experiência. Aliás, o meu filho até perdeu algumas competências adquiridas. Quanto às aquisições feitas a nível da destreza motora, uma vez adquiridas, ficaram.
Caro Asper...
É precisamente, isso que descreveu na sua última frase, "Aquilo embruteceu-o de forma visível.",que tento evitar a todo o custo.
Porque é isso que vejo acontecer, a cada dia que passa, aquele menino que referi.
Enquanto conseguir, vou resistir à medicação.
Caro asper
Relativamente aos escuteiros, eu tive mais sorte.
Só que também eu virei escuta , pois todas as tardes de sabado eu tb estava presente.
E sentia-me muito satisfeita por vê-lo inter agir com os pares por ex: até participou numa peça de teatro, em jogos inclusivé ex: jogo da confiança (que consistia em deixar-se cair e ter confiança no parceiro que o iria segurar) se eu não tivesse assistido não acreditaria que ele tivesse conseguido participar nestas actividades.
Foi mesmo sorte , pois desde então nunca mais houve confiança nem interacção.
Mas tb tive algumas negas c/ex: uma arte marcial que não me recordo se judo ou Karaté, tb só lá fomos 2 vezes.
Tal como você eu tb sempre fui uma pessoa de abrir o jogo.
E acho que as pessoas ficam sempre assustadas, e que mantinham sempre debaixo de olho, e ao mínimo deslize era a catastrófe.
Estas situações ocorreram sempre que teve de mudar de escola, os primeiros meses eram sempre do jogo do empurra, e aí contrariamente a si eu sempre me impus, senão por eles desde a primária que ele tinha ido para o ensino especial.
um abraço
Maria Viana
olá a todos companheiros nesta luta, tenho um filho agora com 7 anos que apresenta traços da SA, diagnostificado no principio deste ano, primeiro pelo pediatra depois confirmado pelo psicólogo, nenhum deles referiu medicação, aliás falaram para não usar medicação, só se o meu filho tivesse um comportamento demasiado violento, mas mesmo assim teriamos de poderar muito bem essa decisão. Acho na minha opnião, que em primeiro lugar nós pais temos de proporcionar um bom ambiente em casa, tentar explicar tudo bem explicado, em segundo lugar acho que devemos lutar para que o nosso filho receba tudo o que tem direito para melhorar o seu comportamento. Eu estou lutando, está a ser muito dificil, já encontrei muitas portas fechadas, já consultei centro desenvolvimento, psicologos, associações, etc. Neste momento ele está a fazer Hipoterapia e vai começar no YOGA, que dizem ser excelente para crianças com estes pequenos problemas, e não só... Pedi também à professora de ensino especial para o meu filho ter acesso à terapia ocupacional e à prática psicomotora, porque apesar de dizerem-me que o problema dele não é grave o facto é que na escola tem muita dificuldade em completar taferas e muitas vezes é agressivo, portanto resumindo: Na escola ele não é "muito normal" e nos centros de ajuda ele não tem um problema "suficientemente grave". Existe muita falta de apoio, eu só quero fazer tudo para ajudá-lo, e vou continuar a lutar para isso.
Felecidades a todos
Olá a todos
Gostei muito de ler artigo, alías sugerido em resposta a um comentário por mim efectuado a outro texto, o que quero desde já agradecer.
Tal como vocês também eu convivo com a situação de ter de lidar com um aspie, o meu filho de sete anos.
Gostei de ler este artigo, bem como os comentários e fiquei surpreendida pelo número reduzido de casos que são objecto de medicamentação quimica.
Eu também resisti algum tempo, desde que fi diagnosticado e receitada a ritalina como remédio para a situação.
No passado mês de Janeiro o meu filho foi diagnosticado como tendo a síndrome de asperger e deficit de atenção por um médico da clinica do DR. Miguel Palha e no mesmo dia receitada a ritalina.
Resisti algum tempo, em busca de informação junto de pessoas da àrea, inclusive uma segunda opinião, que conformou o uso de medicamentação, porém das leituras que fiz nenhuma foi conclusiva quanto ao uso ou não.
Parece-me que a comunidade cientifica ainda não está suficientemente convencida da utilidade ou não desse uso. Ainda, assim, em Outubro deste ano começei a mediacamentalo com 20mg de ritalina ao pequeno almoço. Os resultados até momento ainda não são conclusivos quanto ao benefício do mesmo, refira-se que a nível do comportamento a professora diz que ele está mais atento, abstraí-se menos e particiapa mais na aula, porém a nível cognitivo as dificuldades percistem, principalmente ao nilvel da lingua portuguesa, o fazer cópias e ditados é um acto de violença para ele chega a dar dó, o conflito que ele vive entre o dever fazer e o não conseguir, isto para não falar na letra que é quase imperceptivel e muito grande.
Para além da medicamentação está a ter acompanhamento psicológico, terapia da fala e professora de ensino especial.
Bom, os resultados ainda são muito pouco visiveis, porém parece-nos que ele está melhor, menos agressivo e com maior auto-estima.
Devo dizer, que ainda não estou convencida quanto à ritalina, ainda estou muito angustiada, pois não estou segura se estou a fazer-lhe bem ou mal.
Li neste sitio que hipoterapia dá bem resultados, mas eu não sei exactamente em que consiste a mesma, vou tentar saber, mas acontece que temos uma gata em casa que é muito meiga e tem uma relação muito boa com o meu filho, às vezer ele faz-lhe maldades e ela parece perdoar-lhe, é tão engraçado, a relação deles é tão boa que ele considera membro da familia e a té lhe quiz comprar uma prenda de Natal.
Bem haja a todos, boas festas.
olá a todos,
Reparei que muitos pais falam na hipoterapia e referem que têm registado resultados positivos nos filhos, por isso gostaria também de experimentar, pois tenho um filho de sete anos com sindrome de asperguer, e não conheço nehum sitio perto de minha residencia, em Sintra, onde possa testar mais esta terapeutica.
Peço a todos que conheçam que me enviem informações sobre o assunto.
Obrigado
Peço desculpa de não ter indicado os contactos:
mrmadeira@dgaiec.min-financas.pt
Só hoje foi diagnosticado o caso de meu filho de 31 anos. Que bom saber pelo menos o que ele tem e que outras pessoas convivem com a dificuldade e expoem suas vivências, auxiliando e consolando aos demais. Não sei se fico feliz ou triste com esta "descoberta", mas na verdade quero mesmo é que o meu filho seja feliz, pois ele me faz muito feliz. É amoroso, meu companheiro e será a personagem principal de minha melhoria espiritual.
Olá a todos, tenho um filho de 5 anos de idade o Diogo.
O Diogo tem SA segundo o médico que o segue. Está a seguir um plano de terapia da fala, mas não tem qualquer apoio de terapia ocupacional nem treino de motricidade fina, gostaria que me informassem ou ajudassem a arranjar uma solução para colmatar este problema. Obrigado.
Caro Paulo
Bem-vindo. Penso que o CADin ou o Diferenças, cujos links estão no Planeta, o poderão ajudar.
Volte sempre e felicidades
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