Ainda o decreto-lei n.º 3/2008

Após alguns comentários que no post anterior questionaram a eficácia do decreto-lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, e porque, na verdade, estas foram as primeiras opiniões que sobre ele ouvi, deixo aqui três links:
na esperança de que possam ajudar a enquadrar quem tem de lidar com ele.
O diploma parece-me bom. A implementação é que pode não estar a ser feita do melhor modo. A questão da utilização da CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade), como modelo de identificação das necessidades educativas especiais, que me parece ser aqui o pomo da discórdia, não pode ser causa de exclusão de crianças ou jovens com PEA num diploma que prevê a criação de unidades especializadas em perturbações do espectro do autismo. De facto, no n.º 3 do art.º 6.º refere-se apenas que «do relatório técnico-pedagógico constam os resultados da avaliação, por referência à Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial de Saúde, servindo de base à elaboração do programa educativo individual». Não me parece que tal possa ser causa de exclusão, atento o espírito e a letra do diploma. Mas se o diploma, mercê dessa classificação, reduzir ou eliminar os apoios, em relação ao que já existia, em vez de os organizar e potenciar, parece-me que se deve questionar a escola sobre a respectiva fundamentação legal, com base apenas no diploma e não em qualquer outro normativo, orientação interna, prática ou interpretação. E, se tal não resultar, recorrer às Direcções Regionais de Educação, à DGIDC, à Ministra da Educação ou a quem quer que seja. Era o que eu faria.
O diploma parece-me bom. A implementação é que pode não estar a ser feita do melhor modo. A questão da utilização da CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade), como modelo de identificação das necessidades educativas especiais, que me parece ser aqui o pomo da discórdia, não pode ser causa de exclusão de crianças ou jovens com PEA num diploma que prevê a criação de unidades especializadas em perturbações do espectro do autismo. De facto, no n.º 3 do art.º 6.º refere-se apenas que «do relatório técnico-pedagógico constam os resultados da avaliação, por referência à Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial de Saúde, servindo de base à elaboração do programa educativo individual». Não me parece que tal possa ser causa de exclusão, atento o espírito e a letra do diploma. Mas se o diploma, mercê dessa classificação, reduzir ou eliminar os apoios, em relação ao que já existia, em vez de os organizar e potenciar, parece-me que se deve questionar a escola sobre a respectiva fundamentação legal, com base apenas no diploma e não em qualquer outro normativo, orientação interna, prática ou interpretação. E, se tal não resultar, recorrer às Direcções Regionais de Educação, à DGIDC, à Ministra da Educação ou a quem quer que seja. Era o que eu faria.
P.S. - Junte-se à Comunidade Virtual Planeta Asperger: no Userplane Webchat, no MSN Messenger ou no IRC.
Etiquetas: Legislação
25 Comentário(s):
Caro Asper,
Obrigado pelas informações e dicas. Vou estar atenta ao progresso da implementação na escola do meu menino.Até porque é uma escola com sérias dificuldades de integração não só de crianças e jovens com "dificuldades" mas tb de crianças de um meio rural muito pobre e atrasado e de uma enorme comunidade cigana existente nesta cidade.Felizmente parece-me estar dotada de excelentes professores, atentos, preocupados e cultos...coisa rara segundo oiço!
A minha experiência de apenas 2 anos tem sido positiva em termos de facilidade de acesso aos conselhos educativo,directivo e pedagógico e de bom feedback das minhas opiniões ou sugestões.
Sejamos optimistas!!!
Um abraço a todos!
Caro Asper compartilho a sua preocupação. Como exemplo, o primeiro período do texto do decreto é tão redondo, tão perfeito, tão dourado!….Normalmente esta perfeição da legislação, dos princípios, da necessidade de escrever isso, talvez sempre… e mais no nosso país : corresponde a um reconhecimento do descambar da praxis, ou que ele está próximo. Estive a ler o novo decreto e… que perfeição!...
E depois li os Links e diz-se que não se pretende classificar pessoas, só identificar os perfis de funcionalidade, e ajudas muitas ajudas e especialistas muitos especialistas para eles, para lhes criar autonomia, individualização, personalização e participação – parece tudo muito correcto não é!?...
O que é isto que estão a criar sob o nosso olhar?!... tudo isto parece-me impregnado de um admirável mundo novo. É que é muito mau as pessoas dependerem um bocado ou muito dos outros!... Muitos consumidores o mais individualizados que for possível, que bom!... – isto foi um pequeno aparte, naturalmente.
Depois os chavões correntes e politicamente correctos: abordagem sistémica, ecológica, interdisciplinar na compreensão do funcionamento humano. Só falta: contra o aquecimento global, feminista e de livre iniciativa privada na defesa das liberdades democráticas ocidentais e laicas. Espectacular êxtase do maior despudor.
Aguardo apreensivo os próximos episódios desta novela ou novelo, em que estamos.
Acabamos por ter saudades – tomem aqui esta palavra no sentido que influencia saudar, de desejar saúde – de um tempo recente em que, sem legislações especiais e técnicos experientes todas as pessoas se integravam no mercado de trabalho, nem que fosse como ajudantes à escala do bairro. Reparou caro Asper que evoco assim um dos seus melhores Posts iniciais.
Um abraço para si caríssimo e cumprimentos para todos.
Sempre vosso, Hans
Caro Asper compartilho a sua preocupação. Como exemplo, o primeiro período do texto do decreto é tão redondo, tão perfeito, tão dourado!….Normalmente esta perfeição da legislação, dos princípios, da necessidade de escrever isso, talvez sempre… e mais no nosso país : corresponde a um reconhecimento do descambar da praxis, ou que ele está próximo. Estive a ler o novo decreto e… que perfeição!...
E depois li os Links e diz-se que não se pretende classificar pessoas, só identificar os perfis de funcionalidade, e ajudas muitas ajudas e especialistas muitos especialistas para eles, para lhes criar autonomia, individualização, personalização e participação – parece tudo muito correcto não é!?...
O que é isto que estão a criar sob o nosso olhar?!... tudo isto parece-me impregnado de um admirável mundo novo. É que é muito mau as pessoas dependerem um bocado ou muito dos outros!... Muitos consumidores o mais individualizados que for possível, que bom!... – isto foi um pequeno aparte, naturalmente.
Depois os chavões correntes e politicamente correctos: abordagem sistémica, ecológica, interdisciplinar na compreensão do funcionamento humano. Só falta: contra o aquecimento global, feminista e de livre iniciativa privada na defesa das liberdades democráticas ocidentais e laicas. Espectacular êxtase do maior despudor.
Aguardo apreensivo os próximos episódios desta novela ou novelo, em que estamos.
Acabamos por ter saudades – tomem aqui esta palavra no sentido que influencia saudar, de desejar saúde – de um tempo recente em que, sem legislações especiais e técnicos experientes todas as pessoas se integravam no mercado de trabalho, nem que fosse como ajudantes à escala do bairro. Reparou caro Asper que evoco assim um dos seus melhores Posts iniciais.
Um abraço para si caríssimo e cumprimentos para todos.
Sempre vosso, Hans
Caro Asper
Muito obrigada pela sua disponibilidade e preocupação em ajudar quem, como nós, com filhos mais pequenos, está a entrar agora nas "nuances" dos sistemas oficiais de apoio. Reconheço que na altura do seu, seria tudo mais dificil e pouco conhecido e, apesar de tudo, hoje está aqui a partilhar as suas vivências e conhecimentos preciosos que adquiriu nesta caminhada.
Quanto ao DL nº 3/2008, de facto, no nº 3 do artº 6º, é referida a tal CIF (classificação Internacional da Funcionalidade)que servirá de base à elaboraçãp do programa individual do aluno. De facto, nada diz que se exclui com base nesta classificação. Contudo, o que estão a passar aos técnicos é que crianças que reunam os requisitos de funcionalidade, não serão abrangidas. Agora, entre as recomendações de procedimentos e a su8a aplicação pratica é verdade que nós, pais, teremos alguma palavra a dizer e, pelo menos no meu caso, se excluirem o meu filho, vão ter que o fundamentar de forma inequivoca e mostrar-me e provar-me que ele não necessita de intervenção. Contudo, chamei a atenção, embora no dia em que o fiz estivesse um pouco mais perturbada pela surpresa da interpretação do diploma pelos técnicos, que não tinha sido a minha, para estarmos todos atentos à aplicação pratica do diploma e poder-mos ir trocando informações, pois acções conjuntas terão necessariamente outro peso que acções isoladas.
Muito obrigada e cumprimentos para todos.
Maria Anjos
Cara Mariamartin
Da minha própria experiência e conhecimento, a classe docente tem de tudo, da excelência ao muito mau. Nesse particular, pode encontrar gente verdadeiramente modelar mas igualmente gente que nunca devia ter entrado no sistema e que até devia sair. Dir-me-á que é assim em todas, mas eu acho que na docente isso é mais visível. É apenas uma opinião e impressiva.
O «post» visou apenas dar a minha opinião - sem querer impor modelos de actuação - sobre o que eu faria nas circunstâncias descritas sobretudo pela Maria Anjos num comentário ao «post» anterior.
Mais do que optimistas, temos de estar atentos a interpretações menos adequadas do diploma. «Penso eu de que»... :-)
Caro Hans
Como quase sempre discordo de si. Não acho que a legislação seja perfeita, nem esta, nem nenhuma. E não vejo nexo causal entre uma certa «teorização» que existe sempre nos preâmbulos das leis e aquilo a que chama um «descambar da praxis». Não existe essa relação de causa-efeito.
Quanto aos apoios e aos especialistas, eles têm cada vez mais razão de existir num mundo em que o conhecimento é cada vez mais vasto e em que as famílias são cada vez mais reduzidas. Não há forma de dar a volta ao texto. Não podemos recuar ao tempo dos «marçanos» de que falo no tal «post« inicial e a sociedades de tipo aldeão com professor, médico e farmacêutico... e trabalhadores agrícolas - isto fazendo uma caricatura, é claro - já não existem.
Partilhamos, porém, e já não é pouco, a substância da coisa, ou seja, a preocupação com a implementação do decreto-lei.
Cara Maria Anjos
Tem toda a razão. Fui verificar e lá consta, de facto. Havia feito um «find» por CIF e claro, como está por extenso, não encontrei nada. «Mea culpa». Ainda bem que o referiu, o que permitiu corrigir o «post». Porém - parece-me - mantém-se o essencial do que eu disse. Não me parece possível que alguém diagnosticado com uma PEA possa ficar excluído de um diploma que prevê a criação de unidades especializadas nesse tipo de perturbações. E com certeza não eram só os autistas Kanner que se pretendia que ficassem abrangidos... Se, porém, a CIF colocar limitações e excluir casos, até lhe agradecia que os trouxesse para este espaço. Tentando ir um pouco mais longe, pode ser até que o diploma também contribua para os nossos clínicos afinarem mais o diagnóstico de Síndrome de Asperger que, pelo que vejo, está um pouco desacreditado e confunde bastante os docentes...
Um abraço e uma vez mais obrigado
Caros Pais,
procurando ser sintética, gostaria de vos dizer que, tal como já foi aqui referido, o Dec. Lei n.º 3/2008 de 07.01 parece-me uma boa lei, melhor do que a anterior.
No que respeita especificamente à questão de eventuais "exclusões", creio que tem que se ler com cuidado todo o artigo 6.º, designadamente os seus n.ºs 1, al. a), 2, 3 e 4.
E da leitura destes números julgo que se pode concluir que deve ser elaborado um relatório técnico-pedagógico pelos departamento de educação especial e serviço de psicologia, sem prejuízo de se poder ainda recorrer - e sublinho - aos centros de saúde e de recursos, do qual há-de constar o resultado decorrente da avaliação (e sublinho de novo) por referência à CIF (a CIF relativa às crianças "saiu" há pouco tempo, uma semana, se tanto - se quiserem poderei enviar cópia para o mail do PA).
Ou seja, o relatório tem o contributo de médicos e técnicos vários e é elaborado por referência a uma classificação internacional (alguma teria que ser...).
Referindo-me ao comentário da Maria Anjos, julgo natural que os "técnicos" (que desconheço quem sejam, no caso) afirmem que as "crianças que reunam os requisitos de funcionalidade, não serão abrangidas" pelo novo diploma. Parece-me indiscutível.
Gostaria muito que fosse o caso da minha filha e de todos os vossos filhos. Seria muito bom sinal :-)
Infelizmente, sabemos todos que não vai ser assim.
Creio que devemos esperar serenamente pela regulamentação da lei e, sobretudo, pela prática que dela vai ser feita.
Não é o diploma que vai reduzir os apoios; a aplicação dele é que pode ser mal feita, num ou noutro caso que, esperemos, seja pontual.
E, como em tudo, nesse caso há, como diz o caro Asper, forma de recorrer a instâncias superiores...
Cumprimentos.
P. S. Gostaria só de acrescentar que concordo com o caro Asper no que respeita ao diagnóstico de SA.
Está demasiado desacreditado.
Eu, por mim, referi sempre, e continuarei a fazê-lo, que a minha filha sofre de uma PEA.
Não posso deixar de vir aqui afirmar a minha absoluta, veemente e inabalável discordância com o caríssimo Asper. Refiro-me à afirmação “ Não à forma de dar a volta ao texto.” O meu amigo entregou definitivamente os pontos.
Quanto à relação causa-efeito, tem razão ela não existe assim como diz, mas a falha terá sido minha ao não me ter explicado bem.
Não é necessário recuar ao “ tempo dos marçanos” ou das famílias com vinte filhos. O que digo é que uma sociedade não se pode ter de modo nenhum como padrão ou como governantes pessoas como alguns políticos ditos “conservadores”e que são uns solteirões com cinquenta anos sem família nem filhos e sem serviço militar cumprido – noutros tempos clássicos, nem cidadãos seriam - e outros, separados cujos filhos acompanham poucas horas por mês, etc. etc. E repare, para consolidar o que digo, na evolução da economia de um país como a Irlanda – sem dúvida conservador e até reaccionário, mas que talvez tenha conservado muito mais todos os laços sociais e a cultura inerente - e o nosso querido, modernaço e consumista paísinho . Ainda e sempre o velho provincianismo, claro. Por cá é gritante a progressiva desagregação e falta de solidariedade social veja-se o diferencial de rendimentos e as famílias cada vez mais reduzidas, como diz – pois e já me esquecia de que no fundo, nada disto tem relação causa-efeito e são tudo apartes.
Para além do objectivo”cauda da Europa a 27”, que cumpriremos em poucos anos, penso que em geral continuamos no bom caminho, afastando-nos do “espírito aldeão” tão pobre e prejudicial à nossa saúde social. Viveremos por fim felizes em famílias mono parentais, todos teremos muitos meios informáticos para comunicar e trabalhar eficientemente e internaremos os nossos filhos – um pouco diferentes - em “campos de comcentraçâo” muito industriosos e cheios de especialistas com os mais vastos conhecimentos sobre o funcionamento humano. Para preencher algum vazio afectivo, teremos cães que deixarão presentes orgânicos diariamente nos passeios – para dar trabalho aos últimos “ marçanos municipais”- e que abateremos ao chegarem as férias, em que iremos ver os países terceiro mundistas onde não existem aspergers.
Cumprimentos do vosso Hans
Cara Maria
Obrigado pelo seu comentário e pela avaliação lúcida e pragmática com que, quanto a mim, aborda a questão. Além de lhe notar a característica de «mente jurídica» a funcionar, o que é de sobremaneira importante nesta matéria. E note que não ironizo (ou só, talvez, um bocadinho) ;-). Como não conheço e provavelmente muitos dos leitores do PA também não, agradecia-lhe, então, que me enviasse, via mail, a CIF, para a disponibilizar aqui.
Caro Hans
Fica registada a sua discordância. Eu falava da existência de «especialistas» versus «não especialistas», bem como da existência de «famílias alargadas» versus «famílias nucleares». Não disse sequer que concordava com o modelo. Disse que é essa a realidade que temos e é com ela que temos de viver. Abonando o meu exemplo. Não tenho irmãos, a minha mulher tem uma irmã que está a 300Km de distância. Já não tenho pai, a minha mãe está «velhota» e doente. Os pais da minha mulher estão a 300Km de distância. A minha mulher trabalha e – claro está – não quer deixar de trabalhar. Eu idem. Essa é a realidade. Ter pretensões a mudar isso é irrealista e é para outras gerações. Num cenário mais amplo de «entrega de pontos», isso é «chover no molhado». Já aqui disse o que penso sobre isso. Pessoalmente e em relação à situação do meu filho, apenas faço gestão, sem esperar nenhumas melhorias a nível pessoal. A melhoria que espero é a existência futura de uma estrutura melhor do que aquela em que ele está, de modo a que ele se sinta mais feliz, integrado e útil. E que lhe assegure uma vida com dignidade depois de eu me ir embora. Aliás, se não pensasse que era possível mudar alguma coisa, não me dava sequer ao trabalho de manter este espaço, por exemplo.
Olá a todos,
Voltando ainda ao novo diploma,o que eu quis partilhar convosco, foi aquilo que a educadora de ensino especial, do Ministério da Educação, que este ano acompanha o meu filho, me transmitiu. De facto, o agrupamento ao qual ela pertence, segundo ela, está a deparar-se com problemas de aplicação do diploma, que irá excluir muitas crianças, que, ainda segundo ela, não o deveriam ser ( falou-me então de situações de crianças com trissomia 21 que estão a ser excluídas). Falando sobre o meu filho, como de facto ele é funcional, no sentido em que é autónomo na sua higiene diária, na alimentação, está bem integrado nos ritmos da sala, acompanha os seus pares, tem boa motricidade, funciona muito bem em ambiente de computadores e,segundo ela, ele poderá preencher os parâmetros de funcionalidade e, por isso, não ser elegível para apoio. Agora, para além desta "funcionalidade" para a qual contribui, como já havia referido, o optimo ambiente em que está inserido, ele tem de facto um atraso notório face aos seus pares: começou agora a falar, mas o discurso não é, nem de perto nem de longe, o dos outros meninos de 4 anos, tem baixa tolerância à frustração, birras desajustadas às situações, etc, etc, ou seja, se perder os apoios que este ano lhe deram, vou ter que continuar eu a suportar mais esse, para alem dos que já suporto, pois seria muito bom que ele não tivesse direito a apoio, pelos motivos correctos, isto é, se de facto ele já não o necessitasse, o que, infelizmente, não é verdade. Por isso, não me parece que seja assim tão indiscutivel que os que reunam requisitos de funcionalidade, tendo por referência as preocupações que me foram transmitidas por quem anda no terreno, fiquem sem apoio. Agora, se o meu filho ficar sem apoio, claro que não irei baixar os braços, como o fiz antes para conseguir o apoio que ele tem este ano. De facto, quando contactei os serviços da minha área de residência, entenderam que o meu filho não era prioritário, porque tinha uma familia estruturada, interessada pela problemática dele e que já lhe estava a prestar algum tipo de apoio. Claro que não me conformei com tal argumentação e não parei de questionar e "bater de porta em porta" até conseguir o apoio que acho que lhe era devido em contexto escolar.
Maria Anjos
Cara Maria Anjos,
não me expliquei bem: quando disse que julgo «que é natural que os "técnicos" afirmem que as "crianças que reúnam os requisitos de funcionalidade, não serão abrangidas" pelo novo diploma é indiscutível» o que quis dizer é que os técnivos afirmaram uma "verdade de La Palisse".
Mas uma coisa é afirmar uma evidência. Outra é fazer um relatório com referência a uma Classificação que, como diz a "técnica" que trabalha com a minha filha, até menciona a "unha encravada" :-)
Admito que haja poucos meios para demasiadas necessidades mas tenho dificuldade em acreditar que os técnicos que elaboram o relatório (e entre eles temos - ou podemos ter - médicos do centro de saúde, como sublinhei) possam afirmar que uma criança com perturbações do espectro do autismo, mais ou menos ligeiras, não preenche, pelo menos um(e garanto-lhe que preenchem, infelizmente, muitos) dos critérios da CIF.
A CIF é muito exaustiva e confesso-me perplexa que alguém possa afirmar que com referência a ela se excluam dos apoios crianças com trissomia 21.
Mas como se sabe, as pessoas (todas, não só os autistas ;-) ) se sentem ansiosas e inseguras com as mudanças e é natural este momento de dúvidas.
E há, de facto, muitas dúvidas ainda sobre a aplicação prática do novo diploma.
E é por isso que devemos aguardar serenamente, embora muito atentos. Saiba que a apsa tem estado muito atenta e a sua presidente já reuniu diversas vezes com a equipa do ME (designadamente aquando da fase da elaboração do diploma).
Tenho a certeza que com mães e pais que não baixam os braços e batem a todas as portas no fim tudo vai correr bem :-)
Um beijinho.
P. S Vou então enviar para o site da apsa e para o mail do PA alguns elementos que julgo poderão esclarecer melhor o que a CIF.
Caros Pais,
aproveitando o imediatismo desta caixinha de comentários (desculpe-me, caro Asper, dispensá-lo dos seus serviços de mensageiro :-) ) venho informar-vos que já está disponível no site da APSA (Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger), para leitura e download (em recursos - legislação), um modelo do PEI (Programa Educativo Individual) e uma parte da CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) - relativa às problemáticas das crianças e jovens -, disponibilizados há pouco tempo pelo Ministério da Educação.
Creio que é importante conhecermos, para de facto podermos estar atentos :-)
Cumprimentos a todos.
P. S.
Para melhor visualizarem os documentos, proponho que utilizem o link da APSA que o PA tem na barra do lado direito da página principal, pois temo que os meus conhecimentos tecnológicos não sejam suficientes para que a minha tentativa supra, de atalhar caminho, tenha sido bem sucedida :-)))
P. S. 2
Afinal foi...
:-)))
Cara Maria Anjos e Maria
Creio que, no momento, estamos todos – pais (eu sem nenhum interesse directo já que a CIF não mexe em nada com a situação do meu filho, mas atento um pouco por dever de cidadania), professores e técnicos a situarmo-nos em relação ao diploma e à sua aplicação. E, até prova em contrário, continuo a achar que o objectivo do diploma e as políticas do ME são profundamente inclusivas. Assim fossem as do seu congénere do Emprego.
E, nesse aspecto concordo com a Maria, custa-me a crer que alguém com Trissomia 21 ou com SA ou PEA, mesmo nas suas formas mais benignas, possa ficar de fora.
Estou, porém, em termos de postura, com a Maria Anjos. Há que estar atento, sim senhor, mas não concordo que o façamos com a atitude de «aguardar serenamente». Acho, ao contrário, que devemos ir mostrando publicamente a nossa preocupação, pedir esclarecimentos a quem de direito, etc., etc. Em suma, ir procurando atalhar e não deixar adiantar o problema. É assunto a acompanhar com atenção.
Cara Maria
Sobre a dispensa dos serviços de mensageiro, está desculpada. Recordo-lhe, contudo, que foi v. que se disponibilizou para mandar para a caixa do PA a CIF e não eu que o sugeri. Não pretendo, nem desejo ser mensageiro, pivot ou o que for do que quer que seja e no dia em que existir um fórum sobre a SA, este blogue deixa de existir.
Em complemento, criei (na barra lateral do blogue) um Dossier sobre o Decreto n.º 3/2008 com alguns documentos oficiais, entre os quais uma versão completa da CIF.
Caro Asper,
a atitude de serenidade não está em contradição com ir mostrando publicamente a nossa preocupação, pedindo esclarecimentos a quem de direito etc. (através, designadamente, da APSA, para quem é associado). A atitude de serenidade tem a ver com a nossa postura, tanto mais quanto sabemos que os nossos filhos são o espelho do nosso estado de espírito. A minha filha foi acompanhada pela Intervenção Precoce durante 4 anos e tive e oportunidade de verificar que a postura das técnicas tem demasiada importância no equilibrio dos pais, já fragilizados com a situação dos filhos...
É por isso que este e outros espaços são tão importantes: para nos apoiarmos, para divulgarmos, para serenarmos :-)
Sobre a "dispensa dos serviços de mensageiro", e dado que sou uma naba em tecnologia, apeteceu-me, por puro orgulho (imagine agora um daqueles bonecos amarelos corado, que isso não sei - ainda - fazer...), mostrar que já sei fazer mais umas coisitas... (ainda sinto o amargo sabor da vergonha quando, em tempos, a Mrs Norris teve de me explicar, por mais de uma vez, como é que eu acedia ao irc...) :-)
Já fui espreitar a barra lateral com o Dossier sobre o Decreto n.º 3/2008. Quanto maior a divulgação, melhor; para podermos intervir em todo este processo temos de conhecer bem os documentos, não vá alguém querer atirar-nos "areia para os olhos"...
Um bom fim-de-semana para todos.
Cara Maria
Ninguém disse que estava em contradição. Disse apenas que me revejo mais numa posição de protesto activo, com uma certa dose de indignação, que detecto na Maria Anjos. É a diferença entre proactividade e reacção ao facto consumado. Eu estou na primeira e creio que Vexa está na segunda.
Sobre a sua performance tecnológica, só a posso felicitar pelos progressos registados. Mas não creio que haja qualquer vergonha em dizer que não se sabe ou que se errou. Vergonha é exactamente adoptar a posição oposta.
Por inoportuno, opto por não comentar outros aspectos do seu comentário que talvez merecessem reflexão.
Bom fim-de-semana
Crê mal, caro Asper.
Uma boa semana para si e para todos.
Olá!
sou o Nuno, tenho 11 anos e tenho asperger. Gostava muito de conhecer outras crianças com o mesmo problema pois eu sinto-me bastante à parte dos outros. quem me sabe dizer como isto será possível?
obrigado
Caro Nuno,
Bem vindo às conversas neste espaço. Sou mãe de um rapaz com 10 anos com SA e gostava de te dizer que poderias falar com ele e trocar ideias, mas a verdade é que ele não manifesta qualquer interesse nisso, pelo menos por enquanto.Tem a sua conta de e-mail,acesso ao MSN mas não liga importância nenhuma...Por isso vou dar-te a sugestão do Luís num comentário ao post anterior para que acedas a www.orkut.com.Aí fazes pesquisa pelas comunidades "asperger" e em cada uma encontrarás "aspies" de todas as idades.Boa sorte!Estou ao ter dispor aqui sempre que desejares e de certeza que outros comentadores também.
Um beijo!
mariamartin
Caríssima Maria
Ora afinal, como se vê, estamos do mesmo lado... «Les bons esprits se rencontrent», é bem verdade... :-)
Uma boa semana também para si
Olá Nuno
Bem-vindo ao PA. Creio que a dica da Mariamartin é excelente e uma boa forma de conhecer outros jovens com SA.
Um abraço
Olá Nuno,
Benvindo a este espaço, sou mãe de um rapaz com 7 anos também "aspie", é muito bom procurares outras crianças porque podem trocar ideias, fazer amigos, etc. a APSA também costuma fazer passeios a pé e eventos com outras crianças "aspies".
Um abraço
Enviar um comentário
<< Home