Férias e limitações sociais das família com SA...
Temos, enquanto família e à medida que a idade do meu filho avança, vindo progressivamente a estreitar e a limitar a nossa vida social. Essa tem sido uma realidade inultrapassável, que se tem agravado ao longo dos anos e que se irá extremar cada vez mais. Estou infelizmente certo disso. As férias são igualmente muito controladas em termos de opções e tudo é escolhido em favor de ambientes com limitada interacção social. Talvez devesse ser ao contrário mas não é. Nem poderá vir a ser. Eu não vou poder mudar o mundo e o nosso mundo não é o mundo dos asperger. É o mundo dos outros onde estão os asperger. E cansa-me! Cansa-me extraordinariamente a constante pontuação social da situação. Em certa medida – acreditem – sinto que tudo seria mais fácil se o meu filho tivesse, por exemplo, Síndrome de Down. Estava tudo na cara. Não me livrava dos olhares de comiseração dos outros mas contava com a sua natural tolerância para comportamentos e atitudes. Assim, continuo a não me livrar dos olhares e não conto com qualquer tolerância. Talvez um distintivo com um «eu sou autista, seja tolerante» ou qualquer coisa de semelhante pudesse resolver as coisas... Agora mais a sério – se é que esta hipótese não é a sério -, tenho de equacionar, muito sinceramente, a institucionalização futura do meu filho em parte das nossas férias. Sob pena de não termos férias. Pode parecer-vos eventualmente uma atitude merecedora de alguma sanção moral. Para já isso ficou adiado por mais um ano. Mas é isso que penso que vou ter de fazer um dia. Não sei ainda se conseguirei livrar-me das sanções do meu superego mas esse é um preço que vou ter de pagar. O problema das severas limitações sociais a que estão sujeitas as famílias com casos de Síndrome de Asperger é outro problema e decerto que não dos menores. E vejo-o pouco falado e pouco discutido na literatura da especialidade...