E ou OU
Opto, hoje, por abordar uma área onde, por incompetência, não gostaria de entrar. Mas penso que é importante fazê-lo. Não sou médico, nem sequer técnico ligado à patologia da Síndrome de Asperger. Sou apenas um pai que leu umas dezenas de artigos e de livros sobre a síndrome. E isso, tenho para mim, não chega para poder formular, ainda que sob a forma de post em blogue, portanto num registo informal, uma opinião. Esta é, portanto, apenas e só a minha leitura pessoal do que fui lendo e que muito provavelmente até estará errada. Concomitantemente, gostava que algum médico, de preferência ligado a estas áreas, desse também a sua opinião – caro Dr. Nuno Lobo Antunes, se por acaso ler isto e quiser exprimir o seu ponto de vista, julgo que todos agradeceríamos muito. Já agora fica o meu registo pessoal que justifica este repto: o Dr. Nuno Lobo Antunes é dos poucos médicos que conheço com o qual, enquanto pai e nas pouquíssimas vezes que com ele contactei, senti um relacionamento horizontal. Nos restantes com quem tenho lidado, acho sempre, pela razão ou pela intuição, que o relacionamento é vertical e hierárquico, isto apesar de ser eu o cliente... Vamos, porém, ao que interessa. Tenho ouvido e até lido expressões como os «aspergers são os autistas inteligentes» ou «se tem défice cognitivo não é asperger». Para reduzir a ideia à sua configuração mais simples: autista tem défice cognitivo, asperger não tem.Vejamos o que diz o DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: uso uma versão em Português que me parece idónea):
«As características essenciais do Transtorno de Asperger são um prejuízo severo e persistente na interação social (Critério A) e o desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades (Critério B) (Consultar p. 66, em Transtorno Autista, para uma discussão acerca dos Critérios A e B). A perturbação deve causar prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento (Critério C). Contrastando com o Transtorno Autista, não existem atrasos clinicamente significativos na linguagem (isto é, palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos 3 anos) (Critério D). Além disso, não existem atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e curiosidade acerca do ambiente na infância (Critério E). O diagnóstico não é dado se são satisfeitos critérios para qualquer outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento específico ou para Esquizofrenia (Critério F)» (negritos meus).
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