SA + SIA (Síndrome da Idade Adulta)
O final da escolaridade para os pais de um jovem ou de um jovem adulto com Síndrome Asperger (SA), perturbação do espectro do autismo, autismo de alta funcionalidade, transtorno invasivo do desenvolvimento, perturbação do desenvolvimento ou o que for, constitui uma fase muito difícil da vida familiar. E traz consigo uma outra síndrome, a Síndrome da Idade Adulta (SIA), que gera uma co-morbilidade potencialmente desagregadora de todas as aquisições já efectuadas. Até ao início da idade adulta, a escola é – digamos assim – legalmente «obrigada» a integrar as crianças e os jovens com SA. Melhor ou pior sucedida, a integração e a sociabilização faz-se. Além disso, quer no espaço escolar, quer no espaço social – transportes públicos, instituições - os comportamentos e as atitudes toleradas aos 5, aos 10, aos 15 alteram-se significativamente perante um adulto com «barba na cara». O que é um comportamento socialmente tolerável passa a ser um comportamento socialmente inaceitável. A situação agrava-se muito. Começa então um outro calvário, que se soma a todas as «estações» já percorridas. Porventura maior, até porque o cansaço e a exaustão já há muito tomaram conta da família. O reencaminhamento dos técnicos, da escola ou outro, «atira-nos» para instituições que lidam com a deficiência física e mental, geralmente com casos mais pesados. As instituições que existem – porém, não mais do que meia dúzia em Lisboa: CERCI, CRINABEL, AFID, APPACDM, APPAC, LPDM – são invariavelmente pouco adequadas e qualquer pai, após as visitas, fica com a amarga sensação de que nenhuma delas é a instituição onde queria ver o seu filho. A maioria da restante «população» – para utilizar o jargão muito caro aos técnicos - que lá se encontra é diferente. Ou são os «nossos» que são diferentes. Os «nossos» não são aquilo. E isto não constitui qualquer forma de elitismo de patologia. Nada disso. Não há deficiências ou doenças de primeira e deficiências ou doenças de segunda. É apenas uma constatação da diferença. Os «nossos» são realmente outra coisa, nem piores, nem melhores. Porventura até serão socialmente mais disfuncionais do que muitos dos outros. Socialmente mais disfuncionais, mas funcionalmente mais competentes. Talvez. São sobretudo outra realidade e para realidades diferentes, instituições e enquadramentos diferentes. Mas onde estão?